sexta-feira, 25 de julho de 2008

Ainda os cinquenta...

Os Argonautas (Caetano Veloso)

O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...

Navegar é preciso...
Viver não é preciso...

O Barco!
Noite no teu (tão bonito) sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...

Navegar,
é preciso....Viver
não é preciso

O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...

Navegar
é preciso
Viver
não é preciso.



A razão da aventura: o jovem Jasão, atingindo à maioridade, voltou para Iolcos (hoje Vólcos), a sua pátria na Tessália, situada ao nordeste da Grécia. Vinha reclamar do Rei Pétias, seu tio, que lhe devolvesse o trono outrora usurpado do pai dele.(...)Jasão aceitou o repto e mandou que os arautos saíssem pela Grécia a convocar alguns valentes para acompanhá-lo na perigosa missão.(...)Ao saberem da incrível façanha que se anunciava, e querendo eternizar os seus nomes, 50 heróis se apresentaram na praia de Pégasas. Ali, Argos, o mestre-carpinteiro, dava formas ao barco mágico. Desde então, a tripulação foi chamada de os argonautas, "os marinheiros da nau Argo".

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Os tais cinquenta anos.


Há muito abandonamos a tradição de se 'puxar as orelhas', tantas vezes quantos forem os anos que se comemora, no dia do aniversário.
Ainda bem. Assim fosse, teria eu hoje, a orelha vermelha e dolorida.
Fazer cinquenta anos é um privilégio; como uma pedra atirada no lago plácido, provocando ondas... fazer cinquenta é poder olhar a vida de maneira flexível, elástica, que se expande em vários níveis, gêneros, graus e âmbitos: político, social, histórico, ecológico, afetivo, familiar e transitar por eles, todos juntos ou separados; significa ter sobrevivido às duras penas impostas pelos anos frios da ditadura; significa gozar de algumas liberdades, dentre elas, a de ser seletiva e escolher os poucos amigos que se mantiveram próximos, mesmo distantes, durante essa média jornada; significa pensar 'como os nossos pais', na educação dos filhos e ponderar o que se deseja manter e o que se descarta, e que, no meu caso, infelizmente já não são vivos para aconselhar, contestar ou concordar comigo; significa ser de uma geração que teve poucas fotos de infância, assim, nesse momento, fico devendo aquela, em preto e branco pra revelar um pouco do modelo de infância que vivi... Asseguro que foi alegre, com mais liberdade e contato com uma natureza ainda genuína de cidade do interior, com cheiro da roça, de chuva, de estrume, de fruta fresca, de verdura arrancada da terra no cio, de pão caseiro, de macarrão com frango aos domingos...vida rural da qual ainda trago doces lembranças impregnadas na memória da mente, da pele, de todos os sentidos...

A memória não é linear, então ao mesmo tempo que volto à infância, outros marcos se apresentam como pontos relevantes na minha vida, momentos registrados pela importância que tiveram: a vida em família, a alegria de ser de uma família grande e ter irmãos e irmãs...brincar e brigar... a vida escolar... adolescência longa...vida adulta tardia...

Ter cinquenta anos me confere o privilégio de ter sido adolescente até por volta dos vinte anos, dada a lentidão da vida naquele tempo e por conseguinte, amadurecer por volta dos trinta, que foi quando me casei e constitui família. Alguns marcos que representam degraus e revelam conquistas, desfilam na mente para serem captados e eu os apanho um a um: conclusão de curso, entrada na universidade, nascimento dos filhos, aniversários, casamento.. Contudo, vivi outros não menos felizes como o fim do casamento, as perdas de entes queridos, decepções amorosas, desafetos...

Ser uma cinquentona é poder olhar pra vida como a 'Ponte de San Luis' estendida sobre o abismo; ali colocada, para ser atravessada belamente, impetuosamente... amparada pela experiência e projetada pela ousadia de, ao se soprar as velinhas, querer da vida que ela não se acabe ali...

Fazer cinquenta é poder ter um espaço para agradecer aos cumprimentos, sejam eles virtuais ou reais, vindos de amigos e de familiares. Fica aqui o meu abraço fraterno e o agradecimento a todos que de alguma maneira estão comigo no 'ter, no ser e no fazer.

Drama: no sentido original da palavra grega drâma (acção) , drao - "eu faço, eu luto”.

Aproveitando os dias de recesso, estivemos presente, Larissa e eu, em algumas das apresentações do Festival de Teatro, cuidadosamente organizado pelo SESC Campinas;
Em cada peça, muitas emoções diferentes provocaram também diferentes expressões: risos, lágrimas, apreensão, memórias do passado...enfim, uma gama de sensações que só essa forma de arte poderia causar.
A começar por MIMO:
"A cabeça de Mimo está cheia de lembranças. Elas estão bastante inquietas: pulam, dançam e aprontam uma grande confusão em sua caótica mente. Elas fazem Mimo rir e chorar. Até que, um dia, Mimo decide viajar em busca de um ou mais lugares onde deixar suas memórias. Assim, ele espera encontrar paz. Durante a viagem, Mimo reencontra lugares de sua infância e em cada trajeto da caminhada ele revive um momento de seu passado. Com o passar do tempo, a cabeça de Mimo vai se esvaziando."
..passando por:
ACQUA TOFFANA
"O espetáculo, repleto de humor negro e dor, acompanha o relato de um homem obcecado por sua vizinha, Célia. “Fulano de Tal”, protagonista do texto, planeja incontáveis e engenhosos métodos para assassinar Célia – ou melhor, para matar a mediocridade que ela representa." e depois: CACHORRO!, LITERATURA CONTEMPORÂNEA, EU NÃO SOU CACHORRO E O ÍNCRÍVEL MENINO (PRESO) NA FOTOGRAFIA, sendo os três últimos, monólogos de Fernando Bonassi, todos os temas com um recorte profundamente reflexivo, criando um universo intimista entre ator e platéia, num convite ao mergulho para percorrerem juntos os caminhos propostos.
Ao final, a apresentação do trabalho denominado 'EXPERIENTIA', com novos artistas, apresentando a conclusão de um trabalho de 'imersão' que durou dez dias.
Os atores que se empenharam e se envolveram, transmitindo assim a crença no teatro como forma de expressão, se representam uma contemporaneidade ou futuro (incerto), revelam também a certeza da importância do teatro, enquanto linguagem e como necessidade vital para realizar a ponte entre nossas experiências estéticas e a vida.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

M.M.D.C.


"O movimento, que cobrava a criação de uma Constituição e defendia o fim da intervenção de Vargas no governo paulista, arrebatou a população após quatro manifestantes terem sido mortos em protesto na sede do partido do ex-presidente no Centro da capital. As vítimas eram Martins, Miragaia, Drausio e Camargo, nomes que deram origem à sigla M.M.D.C, que batizou o movimento.
Apesar da resistência do povo, a revolução terminou sem vitória. Frente à iminente invasão das forças de Vargas, São Paulo estava vulnerável, com poucas armas e munições. As lideranças constitucionalistas fizeram então um acordo com o ex-presidente para pôr fim aos conflitos. Ao final do movimento, em 2 de outubro de 1932, Vargas sinalizou a criação de uma Constituição, promulgada em 1934.
Hoje se fala em 9 de julho e ninguém sabe o que é. O movimento constitucionalista é uma referência de ética, respeito e civismo. Essas referências estão desaparecendo, principalmente devido aos péssimos exemplos da política”, defende seu organizador, José Carlos de Barros Lima, estudioso do movimento.