domingo, 19 de dezembro de 2010

Recadinho para a comadre

Márcia, querida amiga há tantos anos!!
Essa noite sonhei com você (e com a Marta). Um sonho bizarro onde trocávamos um armário de cozinha - você trouxe o seu e levou o meu, pode isso?
Deve ser saudade daquele tempo em que o 'Seu ' Egídio ria de nós porque usávamos tudo no diminutivo e ao cozinhar, fazíamos: um arrozinho, uma saladinha, uma carninha...!!
Ele dizia que era efeito da gravidez. Pode ser. Era a expressão melhor do nosso lado de matriarcas -cuidadoras. O fato é que dá muita saudade!!
Um grande e fraterno abraço a todos!

Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
(Mario Quintana)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Teu olhar mata mais do que....




Teu
olhar
mata
mais
do
que
bala
de
carabina
Que veneno estriquinina
Que peixeira de baiano
Teu olhar mata mais Que atropelamento de automóver Mata mais que bala de revórver De tanto levar frechada do teu olhar Meu peito até parece, sabe o que? Táubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar

Adoniran Barbosa nasceu em Valinhos, SP. [...]Através de suas músicas, canta passagens dessa vida sofrida, miserável, juntando o paradoxo bom humor / realidade - para quê lamúrias? Tirou de seu dia a dia a idéia e os personagens de suas músicas [...]- seu combustível era a realidade - porque então querer viver fora dela? Talvez soubesse que o valor maior de suas canções eram interpretações como a de Elis ou Clara Nunes.
[...] com seu jeito simples de fala rouca, contador nato de histórias, conquistava o pessoal do bairro, dos freqüentadores dos botecos onde se sentava para compor o que os cariocas reverenciaram como o único verdadeiro samba de São Paulo. Mais do que sambista, Adoniran foi o cantor da integridade.

Tiro ao Álvaro (Adoniran Barbosa e Oswaldo Moles) Disponível em: http://www.mpbnet.com.br/musicos/adoniran.barbosa/index.html

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O mundo é um moinho

O Mundo É Um Moinho
(Cartola)

Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Presta atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
E em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés




Música: Cartola
http://www.youtube.com/watch?v=L8U1Y9PBfig
Imagem: Moinho - Paulo Jorge Costa Figueira http://br.olhares.com/moinho_foto542529.html

domingo, 21 de novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Chico Buarque


"Ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem
E fim."

Uma homenagem a um amigo querido e fã de Chico. Parabéns pelo aniversário.
Imagem: vídeo na Bienal (Charles Chaplin)
Música: Ela faz cinema, de Chico Buarque

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sabe-se tudo e nada muda. As dinâmicas de classe contra o conhecimento


Nesta quinta-feira, 11 de novembro de 2010, nós teremos o prazer de ter conosco o Professor Christian Baudelot, autor de obras relevantes para a Sociologia da Educação como: “A escola capitalista”, “Allez les filles”, “L’elitisme republicain”, “Durkheim et le suicide”, entre outras.

O convite é para participar de uma conferência e uma conversa com ele na Faculdade de Educação da Unicamp (FE).

Local: Auditório da Biblioteca da FE, às 14 horas


Fonte:
http://versus21.blogspot.com/2010/11/sabe-se-tudo-e-nada-muda-as-dinamicas.html

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Hai


Página

que não dá poema

dá pena...

Imagem: Terreiro na 29°Bienal
Poesia: Alice Ruiz

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

a las cosas que son feas...


ponles um poco de amor...


LO FEO

En una palangana vieja
sembré violetas para ti.
En una palangana vieja
sembré violetas para ti
y estando cerca del río
en un caracol vacío
en un caracol vacío
guardé un lucero para ti.

En una botella rota
guardé un cocuyo para ti,
en una botella rota
guardé un cocuyo para ti
y en una cerca sin brillo
se enredaba el coralillo,
se enredaba el coralillo
floreciendo para ti.

Alita de cucaracha
llevada hasta el hormiguero,
alita de cucaracha
llevada hasta el hormiguero,
así quiero que en mi muerte,
así quiero que en mi muerte,
así quiero que en mi muerte
me lleven al cementerio.

Basurero, basurero
que nadie quiere mirar,
basurero, basurero
que nadie quiere mirar,
pero si sale la luna,
pero si sale la luna,
pero si sale la luna
tus latas van a brillar.

A las cosas que son feas ponles un poco de amor,
a las cosas que son feas ponles un poco de amor
y verás que la tristeza,
y verás que la tristeza,
y verás que la tristeza
va cambiando de color
Música: Teresita Fernandez

domingo, 24 de outubro de 2010

Museu do Perfume



Quero compartilhar uma visita que fiz recentemente ao Museu do Perfume ou osmoteca, que seria uma biblioteca de cheiros. Infelizmente ainda não temos o recurso de promover odores pela net, mas os olhares dos observadores, informados pelas imagens, poderão mobilizar memórias olfativas e trazer à tona algumas etapas da história de vida marcadas pelos diferentes aromas.
O perfume, dentre outros, é um atributo social, cuja escolha nos faz sermos quem somos e como gostamos de ser vistos ou reconhecidos pelo cheiro.
Recém-inaugurado em SP (23/09/2010), esse espaço é fruto da parceria entre o Grupo Boticário e a Faculdade Santa Marcelina. Criado em Curitiba, o acervo foi transportado para São Paulo. Com recursos como a acessibilidade, organização, interatividade, o Museu do Perfume é um espaço que vale a pena ser conhecido.
Espaço Perfume Arte e História.
Endereço: Rua Dr. Emílio Ribas, 110, Perdizes, São Paulo. Entrada gratuita
Horários de visitação: de terça-feira, quarta e sábado, das 10h às 18h; quinta, das 10h às 20h; e domingo, das 12h às 18h. Última entrada: 40 minutos antes do fechamento.
Outras informações pelo telefone: (11) 2361-7728.
Imagem: Vaso de LAVANDA na entrada do Museu do Perfume
Mais informações:

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Bem atual, esse Bilac



Vila Rica

O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre.
O último ouro de sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,

Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.



Olavo Bilac (1865-1918): em seus poemas há uma combinação da tradição clássica portuguesa com o parnasianismo francês, refundida por um ardente temperamento plástico e retórico, no qual também se destaca a perfeição formal, seja na pureza da língua seja na habilidade da versificação.

http://educacao.uol.com.br/portugues/parnasianismo.jhtm
Imagem:Releitura de Mineiros

domingo, 17 de outubro de 2010

..."e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor." R.Russo


"Para poder rir verdadeiramente, devemos estar disponíveis para apanhar a nossa dor e brincar com ela."(C.Chaplin)

17 de Outubro DIA MUNDIAL CONTRA A DOR.
Imagem: Pinacoteca do Estado - SP

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

À direita...

As eleições nacionais não confirmaram muitas das impressões.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mix primaveril









A primavera está apenas começando, mas elas já me presenteiam com cores que me alegram o dia.

sábado, 18 de setembro de 2010

O Brasil visto da América Latina e a América Latina vista do Brasil

"Para que estivessem participando de importantes processos de integração, o Brasil e os seus vizinhos no continente tiveram que superar muitos preconceitos, muitos clichês, alguns inventados aqui mesmo, outros induzidos desde o Norte, para dificutar a unidade do Sul. É um avanço histórico de grandes dimensões que Brasil e Argentina se sintam parceiros indispensáveis, quase complementares, quando a política norteamericana sempre foi a de explorar as rivalidades e incentivar as diferenças.

Com razão, durante a ditadura militar, o movimento popular de outros países do continente temia o Brasil como país “subimperialista”, quando nosso país desempenhava o papel de aliado estratégico dos EUA na região. No momento mais agudo das negociações das dívidas externas dos nossos países, os credores não aceitavam negociar com mais de um país ao mesmo tempo, e os governos da Argentina, do México e do Brasil, se deixavam manipular, com concessões a um país quando um outro decidia suspender o pagamento da dívida.

O neoliberalismo – de que o nosso continente foi a maior vítima, com a maior quantidade de governos e sob as formas mais radicais no mundo – aprofundou as divisões e a subordinação dos países do continente a políticas de mercado e aos EUA. Este quase conseguiu impor sua Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), evitada com o triunfo de Lula e de uma política externa diferente no Brasil, que deveria conduzir a conclusão do pacto, mas terminou por abortá-lo.

Assim, a América Latina passou da região mais subordinada aos EUA, na última década do século passado, à única região do mundo com projetos de integração relativamente autônomos em relação aos EUA, a única região do mundo com governos que pretendem superar o modelo neoliberal.

Porém, as visões direrenciadas, muitas vezes mistificadas do Brasil nos outros países do continente e desses outros países entre nós, sobrevivem, e muitas vezes dificultam os processos de compreensão mútua e de integração.

Visto do Brasil, a América Latina – ou os outros países de um continente ao qual pertencemos – aparece como algo que “fica perto”. Como se, saindo do Brasil, “chegaríamos na América Latina”. Como a ocupação territorial do país foi feita conforme o modelo primário exportador que o colonialismo impôs ao país, ela se fazia basicamente nos corredores de exportação, voltados para o litoral, na direção oposta das fronteiras com os países latinoamericanos.

Enquanto que a Europa e os Estados Unidos estavam na mira dos portos, feitos para que o país olhasse para fora e, especialmente, para o alto. O exterior era sobretudo isso – a Europa e os EUA. Como se não pertencêssemos à América Latina.

O ensino se encarregava de difundir como a colonização portuguesa nos havia impresso um selo diferente, uma identidade distante daquela dos de colonização espanhola, como se o idioma fosse suficiente para determinar essas diferenciações.

Nossa história foi muito similar, fomos colonizados e se usou mão de obra escrava para isso, trazida pelos europeus. Quando as potências ibéricas se enfraqueceram, nossa dependência foi transferida para a Inglaterra, em todos os países do continente. Modelos primário exportadores – agrícolas ou minerais – moldaram todas as economias do continente e nos inseriram de forma subordinada no sistema capitalista internacional.

O elemento diferenciador de termos sido colonizados pelos portugueses veio do fato de que, enquanto a corôa espanhola resistiu, foi derrotada, se enfraqueceu e facilitou o impressionante ciclo de revoluções de independência – de cujo início se está comemorando o bicentenário este ano -, a coroa portuguesa fugiu para o Brasil, sem resistir. Com isso, para os outros países do continente se aceleraram os processos de independência, para nós, ao contrário, significou o fortalecimento dos vínculos coloniais.

De tal forma que, enquanto eles passaram da colônia para repúblicas e terminaram com a escravidão – com as exceções de Cuba e de Porto Rico -, nós passamos a império vinculado familiarmente à corôa portuguesa e nos tornarmos o país que mais tardou para terminar com a escravidão, consolidando antes disso o poder do latifúndio no campo. Fatores que terminaram o nosso atraso histórico relativo em relação a outros países do continente, até o início do século XX, mas não definiram um destino diferenciado deles.

Nosso destino comum seguiu, da colônia e da escravidao, passando pelos modelos primario exportadores, até o século passado e este, nos processos de industrializacao. Nossa visão, no entanto, continuou fechada sobre nós mesmos. Só mesmo quando a crise da dívida, dos anos 80, nos atingiu a todos, levando os governantes da época a negociar, praticamente nas mesmas condições, empréstimos do FMI, é que passamos a tomar consciência do nosso destino comum.

Ainda assim, só quando, no governo atual, passamos a privilegiar os processos de integração regional e não os Tratados de Livre Comércio com os EUA, que essa consciência comecou realmente a se incorporar à consciência nacional brasileira. A ampliação do Mercosul, a expansão do comércio com a Argentina, com a Venezuela, com a Bolívia, foram consolidando lacos inexistentes ou sem importancia antes. A construção da Unasul, do Conselho Sulamericano de Defesa, do Banco do Sul, com participação ativa do Brasil foi confirmando a importância da identidade e da integração com os outros países da região.

Opera-se assim uma mudanca importante na percepção que se tem da América Latina e do Brasil como país latinoamericano. A aproximação e o intercâmbio com governantes como Hugo Chavez, da Venezela, Evo Morales, da Bolívia, Rafael Correa, do Equador, os Kirchner, da Argentina, Fernando Lugo, do Paraguai, Mauricio Funes, de El Salvador, permitiram um conhecimento mútuo maior e a definição de interesses comuns, assim como a superação de conflitos que surgiram, em alguns casos.

Da mesma forma, a imagem do Brasil tambem foi mudando nos outros países do continente. A imagem projetada pelo governo Lula não deixa de assustar, pela dimensão territorial do país, pela força da sua economia, pela forte expansão das empresas estatais e privadas brasileiras. A Petrobras sofre acusações de não respeitar reservas indígenas no Equador, mas são principalmente empresas privadas, de construção, que nao cumprem contratos ou não respeitam legislações locais, as que mais trazem problemas para a imagem brasileira em outros países da região.

Porém, mais importante é a projeção internacional do Brasil como potência regional, com peso nas grandes decisões mundiais, com uma economia com capacidade de resistência aos efeitos da crise internacional, mas também com atitudes solidárias com seus vizinhos, como os casos da Bolívia e do Paraguai.

É difícil separar a figura de Lula dessa nova imagem projetada do Brasil na região. Depois da ditadura militar, dos governos Sarney e FHC, que não davam maior importância à região – principalmente este, que priorizou as alianças subordinadas e subalternas aos EUA -, a nova imagem – pró integração, solidária, ativa, voltada para as alianças com o Sul do mundo – está indissociavelmente ligada ao conjunto da política externa brasileira e à presença de Lula no marco internacional.

O ciclo atual de eleições - com destaque especial para as brasileiras e as argentinas, dado que o Uruguai e a Bolivia já optaram por aprofundar os processos atuais de integração – determinará se essa tendência à aproximação, ao maior conhecimento mútuo, à integração, seguirá adiante ou se se trata de um parênteses no tradicional processo de fragmentação e de desconhecimento mútuo a que a dominação colonial e imperial os submeteu."

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=535

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Chega disso...


Chega dessa chaga, chega dessa forma, dessa farda
De qualquer forma chega desse trauma de ser Cristo
Vira o disco, chega deixa disso, chega.
Desse luto nega, chega junto muda de assunto
Chega desse "sinto muito"
De tanta sala fechada
Tanta fala calada, tanta água parada
Nega chega de chá, enxagua, chega de só, sofá.
Deixa o sol chegar, chega que chega já
Chega de será? Que será?
Chega com tudo, vem com tudo
Chega se aconchega, dessa nada! Chega!
Desse pobre horário nobre, desse porre
Nega chega!
Desse morre, não morre!
Chega de socorro, me socorre!
Desse morre não morre!
Chega de socorro, se socorre!
De tanta sala fechada
Tanta água parada, nega!



Zélia Duncan: Chega Disso
Imagem: Ana Franco - Basta! - http://olhares.aeiou.pt/basta_foto1055604.html

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Hai (cau) cai (a)


Caucaia,
com pesar deixo teu mar
a marulhar...

Imagem: Hélder
Texto: Marlene

domingo, 5 de setembro de 2010

Um querer, dois querer


A palavra liga os olhos
Liga o aceno, liga o adeus
A palavra só não liga
Dois querer que são os meus

Um querer é este mundo
Do jeito que se quer ter
Correndo e falando muito
Que é pra muito se ver

Outro querer é ficar
Sem nunca querer de ter
Um dia que se mudar
Por causa de outro querer

Tem muito querer debaixo
Dos pés desses dois querer
Como água no riacho
Barrada pra não correr

Por isso às vezes te abraço
Noutras te quero bater
Mas é melhor o mormaço
Que o céu azul sem chover
Mas é melhor essa vida
Do que viver sem querer.


DOIS QUERER (Raimundo Fagner - Brandão)
Imagem: http://br.olhares.com/um_colirio_para_os_olhos_foto3065104.html

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

hai...cai



Entre olhares diagonais, serve o vinho.


Ele, comunista. Eu, amor à vista.

domingo, 15 de agosto de 2010

Nós e o que os outros fazem de nós


"Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em duros segmentos arqueados, sobre o qual a colcha dificilmente mantinha a posição e estava a ponto de escorregar. Comparadas com o resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram miseravelmente finas, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos.[...]"

A metamorfose - Franz Kafka
Imagem: Agora não, Bernardo - David Mckee

domingo, 8 de agosto de 2010

Meia quadra


Quando eu disser vida e meia,
Você diga meia vida;
Quando eu disser ida e meia,
Você diga meia ida,
Quando eu disser lida e meia,
Você diga meia lida.
Diga coração e meio.
Se eu disser meio coração;
Se eu disser meia baleia,
Você diga meio cação,
Se eu disser meio cação,
Você diga meia baleia;
Quando eu disser Meia Quadra,
Você diz que é Quadra e Meia,
Quando eu disser Quadra e Meia,
Você diz que é Meio Quadrão
!


Entre as modalidades mais difíceis da Poesia popular, está a Meia Quadra, estilo que apresenta estrofes com número de versos não determinados e com quatro linhas iguais na parte final http://www.bahai.org.br/cordel/generos.html
Imagem: Lampião e Maria Bonita - JOSÉ LOURENÇO GONZAGA

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Leitura obrigatória


EZEQUIEL THEODORO DA SILVA - Cidadão brasileiro, "de luto"



"Soube, hoje, do encerramento das atividades do LEIA BRASIL. Não posso deixar de vir a público para expressar a minha imensa tristeza diante deste acontecimento. Ao mesmo tempo, para demonstrar a minha intranquilidade a respeito do destino da leitura neste país. Ao longo de minhas lutas por mais e melhores leituras para o povo brasileiro, sempre defendi a necessidade de uma "frente" constituída por uma grande - e diversa - quantidade de entidades (públicas e privadas) voltadas ao estudo e à promoção da leitura. A razão é mais do que óbvia: a vergonhosa, a horripilante paisagem que atualmente resulta dos descuidos e descasos dos governos brasileiros em relação ao desenvolvimento das práticas de leitura. Em 2010, terceiro milênio, em meio às sociedades de informação e do conhecimento, o Brasil apresenta o terceiro PIOR nível de desigualdade de renda do mundo e um quadro sombrio expressando o número de leitores reais. A ferida do analfabetismo continua estuporada. Os iletrados funcionais representam quase a metade da população do país. A débil e debilitada rede de bibliotecas (públicas e escolares) nem de leve, nem de longe alimenta a promoção da leitura. Isto tudo a despeito dos incessantes - mas descontínuos, burocratizados e depauperados - programas de enfrentamento dessa questão. Um dos efeitos básicos da leitura é a qualificação, para melhor, das decisões e ações dos indivíduos, robustecendo-lhes a cidadania. Outros países sabem disso e não perdem de vista o decisivo apoio aos trabalhos das entidades que indistintamente preservam e dinamizam os seus bens culturais escritos junto à população. No Brasil, infelizmente, ou se repete o erro de repetir políticas caolhas de apoio ao que não dá e nunca deu certo, ou se vira a cara para assistir, de camarote, talvez cinicamente rindo por dentro, à morte e ao sepultamento de importantes entidades culturais. O valor do LEIA BRASIL advém da continuidade da iniciativa pioneira de Mário de Andrade de itinerar a leitura por entre escolas e comunidades através de caminhões. Um trabalho com professores e com estudantes de toda a comunidade escolar visitada para descobrir e experimentar algumas delícias do ato de ler. Advém também de um conjunto considerável de publicações (Leituras Compartilhadas, coleções de livros, CDs, DVDs, entrevistas, filmagens, etc.), de um poderoso portal de serviços pela Internet, de significativa participação em eventos nas várias regiões do país, de estudos e pesquisas, etc. Quer dizer, a entidade consolidou, historicamente, um "patrimônio" importantíssimo sobre as dinâmicas e os processos de leitura no Brasil - um patrimônio que seguramente vai pro brejo por falta de um olhar de natureza solidária, profissional, sensível dos organismos de apoio ou de patrocínio. Não quero discutir e nem condenar as razões que levaram Jason Prado, o idealizador e coordenador do LEIA BRASIL, a essa decisão. Quero, isto sim, evidenciar aos leitores deste texto que a morte de uma entidade representa não apenas a permanência do nosso evidente atraso cultural na área, mas fundamentalmente o imenso desvio dos rumos que nos conduzem à conquista do direito à leitura, o que o fundo e à inversa, significa o alastramento da idiotice - ou muita esperteza cínica - nas esferas responsáveis pela educação e cultura no Brasil. E, por tabela ou como reflexo, o alastramento da idiotice por toda a sociedade. "

Compartilho esse texto do Professor Ezequiel Teodoro, ex secretário Municipal de Educação de Campinas e apoiador de ações de incentivo à leitura.

FONTE: http://tramasdaleitura.blogspot.com/

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Suor em ouro e...o que está em jogo?

Sentimentos mistos foram provocados no torcedor brasileiro, ontem, por esportes diferentes e com regras específicas, mas que ao final, tiveram um ponto de convergência e sobre o quail eu proponho uma reflexão.

Em princípio, PARABÉNS aos 'meninos do voley' pela garra com que defenderam as nossas cores, nos jogos da Liga Mundial do Voley masculino, finalizando em alta, com a merecida vitória.

Os talentos individuais esbanjam atributos que vão desde a técnica apurada às atitudes que demonstram garra e muita paixão, formando um coletivo forte e coeso, que ao longo do tempo vem dando exemplos de superação.

Em resposta às questões da imprensa, o técnico Bernardinho, referindo-se aos que cederam o lugar de títular a outros com melhores condições de jogo e em nome do coletivo, ressalta a importância em "ter que encontrar forças em algum lugar para seguir e lutar com elas até o fim"; parabeniza e agradece os atletas que entraram em campo ou não.
E no automobilismo...

A torcida brasileira (novamente) frustra a comemoração.
Entre perplexo e irado, o torcedor vê o piloto brasileiro permitir a ultrapassagem, abrindo o caminho da vitória ao companheiro de equipe.
Em episódio semelhante - e mesmo sepultado ao longo do tempo - esses sentimentos foram remexidos. Indignação...vergonha...revolta...
Se no primeiro caso, fica fácil entender o objetivo e as justificativas do técnico, no segundo, nos deparamos com algumas incertezas: Que esporte é esse e o que está em jogo, afinal?
Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
[...]
Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.
Poesia: Epigrama - Gregório de Mattos e Guerra

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Uivo


"Tão sérias, as coisas!
Tão sérios, os animais e as plantas!
Muito mais sérios que as pessoas.
Envoltos num sonho espesso.
Andando, comendo, crescendo - mas sempre dormindo."


Cecília Meireles - Olhinhos de Gato 1939.
Imagem: Amélie, em seu jardim noturno.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

sábado, 17 de julho de 2010

Enquanto isso no Seminário...


Nos três dias em que estivemos juntas no 5º Seminário Nacional "O professor e a leitura de jornal", Debora, Milena e eu, estabelecemos uma interação que transcendeu a relação profissional, ao falarmos de nós mesmas e de nossa condição de mulher em diferentes lugares(esposas, filhas, mães, irmãs), alguns dos quais já ocupamos e outros que virão-a-ser (até porque elas têm menos da metade da minha idade).
Atentas ao cronograma do evento, carregamos conosco além da programação, as nossas bolsas, as pastas com os blocos de anotações, textos e até agenda.
Ah, claro, quase me esqueço: havia também o inesquecível guarda-chuva da Debora que não chegamos a vê-lo em uso, mas, previnida que estava com as possíveis alterações climáticas, ela o portou durante os três dias.
Ao tomarmos assento no auditório e nos acomodarmos com nossos pertences, em seguida, Debora acomodava seu longo guarda-chuva à frente das nossas cadeiras, na horizontal, instalado no vão que se formava entre o degrau da nossa sequência de cadeiras e os pés das cadeiras da frente. Ao concluir essa tarefa, Debora desenhava, no espaço entre o polegar e o indicador (sim, nessa pele macia) um pequeno ícone que representava o seu guarda-chuva, para, evidentemente, à saída, não esquecer-se dele ali no chão.
E assim foi que, durante os três dias, entre palestras, comunicações, almoços e oficinas, lá ia a Debora com seu pequeno ícone em uma das mãos e o grande guarda-chuva seguramente garantido à sua volta, acompanhando-a fielmente. Essa cena fez escola. Adotamos, Milena e eu, o modelo e o resultado é que ao final do dia, uma de nós saía com alguma marca na mão esquerda: um livro, o nome de um evento, $, para nos lembrarmos de algum compromisso quando estivéssemos em casa.
Ao terceiro dia do evento, a conferência de encerramento foi proferida pela ilustre psicóloga Rosely Sayão. O tema atual e instigante tratava da educação e as relações escola família, adulto criança, jovem, velho, e alguns dos fenômenos que são frutos da modernidade: a invisibilidade e o esquecimento. Nesse último aspecto, cita fatos recentes de pais que esqueceram (por motivos banais, só pode ser!) seus filhos dentro de seus carros, estacionados em algum pátio de shopping center.

Nossa colega, Milena, grávida e com todos os sentidos aguçados em torno do tema, articulando a fala da palestrante aos recentes cuidados dedicados pela Debora ao precioso guarda-chuva através do modelo de 'agenda manual', profere: "Deveriam fazer o desenho do bebê na mão!"
Adoramos a palestra da Rosely que traz, de forma genuína e bem humorada, um novo olhar a temas tão desgastados e espinhosos. No entanto, inusitada mesmo foi a dica da Milena aos pais desatentos e adverte: ao deixarem seus filhos no carro, desenhem o ícone do bebê nas mãos, quem sabe assim, não esquecerão deles.
Não é brilhante?


Beijo grande, queridas.
5º Seminário Nacional “O Professor e a Leitura de Jornal”
Imagem: Releitura da imagem: Feto agarra mão de médico

sábado, 3 de julho de 2010

Ouso comentar

Por mais democratizado que esteja o futebol atualmente, a relação que o 'Brasil' tem com a bola difere de muitos outros povos. A consequência disso é que as reações diante das derrotas também sejam diferenciadas para nós, torcedores e para alguns ainda 'jogadores'.
Aliás, o termo 'jogador' já está em desuso. Hoje são chamados de 'atletas', até pelo conjunto de exigências a que se submetem para que adquiram qualidade 'técnica' visando aprimorar o que inicialmente poderia ser apenas 'talento bruto'.
Com a democratização e o acesso aos recursos tecnológicos disponíveis para se formar atletas, o investimento na formação desses se sobrepõe ao 'jogador', aquele que carrega consigo o talento.
O talento e a relação corporal com a bola, fruto da vivência e do currículo social, no contexto atual é superado e ofuscado pelos atributos que compõem o almejado atleta.
A corrida 'fácil' por esse atleta fabricado, interesse de países ricos em capital e recursos tecnológicos, gera novos objetivos. A mistura desses segundos com os primeiros, forma times híbridos, e acredito, difíceis de serem administrados. Mostra disso tivemos nessa copa, em que vimos, numa relação conflituosa, alguns talentos serem neutralizados em função das exigências do atleta, e aí, nem um nem outro ficou visível em campo, frustrando as esperanças dos torcedores crédulos.
E nós, brasileiros, será que vamos nos dar conta, em tempo, da armadilha, ao desperdiçarmos os talentos que é o que nos diferenciou durante as décadas passadas, em função da criação desses 'atletas'?

sexta-feira, 2 de julho de 2010

...fim de copa.


"Eu vou,
eu vou,
pra casa
Agora eu vou!!"
:(

sábado, 26 de junho de 2010

Elogio à lucidez


"[...]Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder económico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos.

Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo.
Não tenho mais que dizer. Ou sim, apenas uma palavra para pedir um instante de silêncio. O camponês de Florença acaba de subir uma vez mais à torre da igreja, o sino vai tocar. Ouçamo-lo, por favor. "
JOSÉ SARAMAGO


Texto na íntegra:
Imagem: O Sino - G. Ramalheira - http://br.olhares.com/o_sino_foto436919.html

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quero me casar...


Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.

Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho

Depressa, que o amor
não pode esperar!

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 20 de junho de 2010

Quem não tem seus pequenos tesouros?

Alguns deles nos acompanham por algum tempo, ou durante uma fase e ainda há os que carregamos conosco pela vida toda.
De diferentes origens, podem ser feitos em diversos materiais para atender a múltiplas finalidades: em papel - foto de infância, bilhete de viagem, papel de bombom, seda da maçã, guardanapo, catálogo de hotel, folder de cidade, programa de ballet, autógrafos de celebridades; fragmentos da natureza: areia, pedra, pétala de flor, folhas ou em pequenos objetos, como xícaras, cinzeiros, talheres de hotel, denunciando e confirmando que lá estivemos e registramos, de alguma forma, a nossa passagem por aquele momento histórico. Pode ser de um encontro a dois ou de um grande encontro compartilhado com outras tantas pessoas. A proporção do evento não é o que define a importância do objeto guardado e indiscutivelmente, todos, simbolizam algo, desde os que representam a alegria e a memória da presença até aqueles que podem demarcar a perda de alguém querido e portanto, a morte. Podem variar os objetos e também os objetivos, contudo, têm em comum a perspectiva de eternizar a memória.
Que destino terão quando já não estivermos aqui a zelar por eles, não vem ao caso.
Amuletos ou não, carregamos conosco esses pequenos tesouros e eles fazem parte da nossa necessidade de organizar o passado e conservar a história, para que presente e futuro não sejam demasiado pesados.
Contrariando a ética da privacidade dos 'guardados', revelo que tenho um amigo que guarda um azulejo comemorativo da sua 'equipa' de futebol; outro, que traz sempre consigo um cachecol do seu país de origem, para dar sorte quando joga a 'sueca'. Eu, tenho nos guardados o boletim do ensino primário, talvez o mais antigo de uma porção de objetos cujo valor não permite que sejam jogados fora, ao menos até hoje.
Este que apresento aqui através da imagem, é o mais ilustre da minha coleção de 'pequenos tesouros'.

Agradecimento especial ao Serginho e à Pilar pelos esforços dirigidos pra que chegasse até mim esse pequeno tesouro.
Imagem: Autógrafo de José Saramago no livro "A VIAGEM DO ELEFANTE" 20/11/2008.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Os Ombros Suportam O Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


Carlos Drummond de Andrade Imagem: Casa de Farinha - Djanira

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Futebol

Oi, oi, oi...
olha aquela bola
A bola pula bem no pé
no pé do menino
Quem é esse menino
Esse menino é meu vizinho

Onde ele mora
Mora lá naquela casa
Onde está a casa
A casa tá na rua
Onde está a rua
Tá dentro da cidade
Onde está a cidade
Do lado da floresta
Onde é a floresta
A floresta é no Brasil

Onde está o Brasil
'tá na América do Sul
continente americano
cercado de oceano
das terras mais distantes de todo
o planeta
E como é o planeta?
O planeta é uma bola que rebola lá no céu...
Oi, oi, oi...


Música: Palavra Cantada
Imagem: Futebol - Cândido Portinari, pintor brasileiro.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sobre a Copa "Padre Silva"


A escola 'Padre Silva' cresceu. Com ela, o volume de problemas. Por outro lado e ainda bem, em proporções superiores têm sido as manifestações de arte, alegria, pelo compromisso dos adultos com cada uma das crianças.
Já não se pode pensar pequenininho, nessa escola que nos convoca a uma visão alargada e grandiosa. Assim foi o evento de ontem.
Parabéns à Silvia pela coordenação da COPA PADRE SILVA, com os 4ºs e 5ºs anos.
Parabéns às professoras que responderam de forma aberta com as suas turmas e deram uma lição de trabalho colaborativo e coletivo nesse evento.

Fica uma frase, pra quem duvidar que essa é uma atitude arrojada e corajosa:

"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez." (Jean Cocteau)

Grande abraço.

Marlene

sábado, 12 de junho de 2010

Nós fomos e...







09 de Junho (4ª Feira)
19:00: Viagem ao Mundo do Fado
Breve palestra e filme
Acompanhados de delicioso caldo verde!
Local: Casa de Portugal de Campinas

...Mesmo sendo quase 'estrangeiras', fomos muito bem acolhidas pelo Sr. Queiroz, sua filha Sandra, Isabel e outras pessoas tão gentis. Esse espaço é formado por uma grande família. Estava excelente a comida (caldo verde, muito azeite, broinha e pastéis de nata!!), a música e a companhia. É uma casa portuguesa, com certeza!

http://www.casadeportugalcamp.com.br/

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Juntos...mas estranhos.


Enquanto meu amigo, entre amigos, comemora as bodas de prata e o reencontro de outros amigos, no que chamam jocosamente de um 'congresso de ex' eu aqui vou contar sobre dois casamentos duradouros e com perspectivas que eu diria até, deprimentes.

Desde 1987 moro no mesmo bairro, portanto, há quase 25 anos. Muito pouco se mudou em termos de moradores então, conhecemos as famílias, suas trajetórias, seus filhos e alguns netos até.

Nesta 'minha rua' há casais cujos casamentos duram décadas e outros que já superaram a marca das bodas de ouro.

Entretanto, há dois casos especiais que são exemplos desse segundo caso, e que, recentemente, têm tido um desenlace profundamente entristecedor.

Um deles é de Dona Irma e Seu João. Seu João é professor aposentado e desde que lecionava, a Dona Irma, dona de casa, o levava até o portão e ficava esperando ele chegar à esquina, quando ele se virava, acenava um tchau com a mão e ela correspondia. Só depois desse gesto de carinho ele sumia de vista, rumo ao ponto do ônibus. Durante muitos anos essa cena foi observada por nós moradores daqui.

Atualmente, ele tem 90 anos e ela, 86. Ainda fazem caminhadas pela rua: ele um negro de porte alto, esguio e ela um pouco mais baixa e nao menos elegante. Andam lado a lado, em silêncio, tomando o sol da manhã.

Foi num encontro na quitanda, entre uma conversa e outra que ela nos disse que 'ele não anda bem', o Seu João. Já não a reconhece. Mantém ainda a gentileza e se dirige a ela como a uma estranha cuidadora, pedindo licença, por favor e muito obrigado, mas não a reconhece como a companheira com quem viveu a vida a dois. Ela diz isso e apesar da força que demonstra ter, o faz com carinho e a compaixão de quem foi cúmplice e compartilhou com ele bons anos da sua vida.

A outra história eu conto outro dia...

Esse é o momento da Dona Irma e do Seu João, que em breve vão se mudar para um abrigo de idosos na cidade vizinha, onde ela terá pessoas para auxiliá-la a cuidar dele e cuidarão também dela.

Serão pessoas estranhas, por certo, como está sendo ela para ele, nesse momento.


Imagem: Crepúsculo, de Luís Antunes.

domingo, 6 de junho de 2010

Meio ambiente, tudo isso...


Beira do mar, lugar comum
Começo do caminhar
Pra beira de outro lugar

Beira do mar, todo mar é um
Começo do caminhar
Pra dentro do fundo azul

A água bateu, o vento soprou
O fogo do sol, O sal do senhor

Tudo isso vem, tudo isso vai
Pro mesmo lugar
De onde tudo sai
Lugar Comum - João Donato / Gilberto Gil