sábado, 25 de julho de 2009

Canção de amigo

Ondas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo?

E ai Deus, se verra cedo!


Ondas do mar levado,

se vistes meu amado?

E ai Deus, se verra cedo!

Se vistes meu amigo,


o por que eu sospiro?

E ai Deus, se verra cedo!

Se vistes meu amado,


por que ei gram coidado?

E ai Deus, se verra cedo!

Tradução

Ondas do mar de Vigo,

acaso vistes meu amigo?

Queira Deus que ele venha cedo!

Ondas do mar agitado,

acaso vistes meu amado?

Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amigo

aquele por quem suspiro?

Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amado,

por quem tenho grande cuidado (preocupado) ?

Queira Deus que ele venha cedo!

Texto: Martim Codax: trovador-jogral da época de Afonsso III (meados do século XIII). “Dele só nos restam sete cantigas d’amigo, que se caracterizam por um delicioso primitivismo poético e pelo fato de serem seis destas composições as únicas cantigas trovadorescas acompanhadas da respectiva notação musical”
(S. Spina) http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/imprimir.php?item=literatura/docs/trovadorismo
Vídeo: Concerto de Socorro Lira (Brasil), Vozes da Radio (Portugal) e Luar Na Lubre (Galicia). Dende o Verbum de Vigo :http://pontenasondas.d12.dinaserver.com/beta/index

sexta-feira, 24 de julho de 2009

segunda-feira, 20 de julho de 2009

51

– Não, não se fazem mais velhos como antigamente.
– É verdade. Não se fazem.
– Veja você. Você está com 54. Lembra quando você era jovem, 54 era um velhinho, não era?
– Avô, avô...
– Então. E as mulheres de 54?
– Bisavós, bisavós...
– Não exagera. Avós, também. Aliás, mulher de 40 já tava velhinha. Todas de preto. Iam à igreja. A mãe da gente tinha 40, né? Era uma santa, né? Imagina se fazia os que as de 40 fazem hoje...
– Onde é que você quer chegar
?
– É que a nossa geração mudou tudo. Mudou até a velhice. A gente é de uma turma que rompeu com tudo. Esse negócio de Beatles, Rolling Stone, pílula, tropicalismo, isso fez mudar tudo.
– Prossiga.
– É que a gente mudou os velhos que a gente ia ser. Veja a sua roupa. Você está vestido igual a um cara de 20, 30 anos. Você não está de terno e gravata como os cinqüentões de antigamente.
– Você está é justificando a nossa velhice.
– Que velhice, cara! Você hoje faz tudo que um cara de
20 faz.
– Mais ou menos, mais ou menos.
– A nível comportamental...
– A nível, cara?
– Desculpa, mas comportalmente falando, ficou tudo igual. O cara de hoje, com 50, não se comporta mais como um cara de 50 dos anos 50. Nivelou, entendeu?
– Explica melhor.
– As meninas também. As nossas amigas de 40, por exemplo.
– Melhor não citar nomes.
– É que hoje elas fazem coisas que a gente não poderia imaginar que a mãe da gente fizesse com a idade delas. Estão todas aí, inteiraças. Liberadas, está
entendendo? Mandando ver. E nós também. Fora que tem o Viagra que – dizem, dizem – vai segurar mais pra frente.
– Você já usou?
– O quê?
– Viagra.
– O que é isso cara? Ouvi falar, ouvi falar. Mesmo porque não se conhece ninguém no mundo que assuma que já tomou. Parece que existe um acordo lá entre eles. Ninguém conta. É de lei. Mas não desvia o assunto. Eu não estou falando no desempenho sexual. Estou falando de cabeça. Nivelou tudo. E, pra sorte nossa, nivelou por baixo. Veja a roupa do seu filho. Igual à sua. Antigamente um cara de 23 se vestia completamente diferente de um cara de 53. Ou você alguma vez viu o seu pai de tênis? (nem de pênis) Acho que até para jogar tênis ele devia jogar de sapato.
– Se a gente então não está velho, vai ficar velho quando?
– Pois é aí que eu quero chegar. Não existe mais a velhice. Nos anos 60 a gente fez tanta zorra que, sem querer, garantimos o nosso futuro sem velhice. Pode escrever aí. Não existe mais velhice.
– Ficamos imortais?
– Quase. Antigamente o sujeito começava a morrer mais cedo. Ficava uns 10, 15 anos morrendo. Agora não, ela vai ficar até os 80, 90. Daí ele fica doente e morre logo. Acabou a agonia. Pensa bem: a gente está com 50. Temos mais uns 30 pela frente. Firmes. É isso, cara: não existe mais a velhice. E fomos nós que
detonamos com ela.
– Mas tem o cabelo branco, as rugas, a barriguinha...
– Detalhes, cara, detalhes. O cabelo branco, a ruga e a barriguinha hoje em dia são encarados como charme. Mesmo porque os cabelos não ficam mais tão brancos como nos nossos pais. E as rugas também. Os velhos estão cada vez com menos rugas. E pra barriguinha estão aí as academias. Tem as fórmulas.
– E isso vale também para as mulheres, né?
– Principalmente. Eu estava falando nas nossas amigas de 40. Pega as de 50. Tudo com corpinho de 30. Cabeça de 20. Tão até melhores do que nós, cara.
– Peraí, a sua namorada não tem nem 30.
– E isso me preocupa. Tem cabeça de 50. De 50 das antigas. O que serve para a nossa geração, não serve para a nova geração. Resumindo: não existe velhice para a nossa geração. A gente batalhou isso. Agora essa nova geração que vem aí vai envelhecer. Se ela quiser continuar a ser como a gente, vai acabar sendo igual aos nossos pais, como diria o grande Belchior.
– Eu não estou entendendo aonde é que você quer chegar.
– Quero chegar nos 90. Me passa o uísque. Me passa o fumo. Me passa o Viagra. Me passa a saudade que eu tenho dos meus 20 anos. Me passa a vida a limpo. E mete os Beatles aí na radiovitrola. Help, please.






Cinquentões - Mario Prata em:http://www.marioprataonline.com.br/obra/cronicas/cinquentoes.htm

sábado, 18 de julho de 2009

Frase do dia...para a vida toda.
















“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”
Frase: Jean Cocteau -Nascido numa pequena vila, próxima a Paris (França), Jean Cocteau foi um dos mais talentosos artistas do século XX. Além de ser diretor de cinema, foi poeta, escritor, pintor, dramaturgo, cenógrafo, ator e escultor.
Atuou ativamente em diversos movimentos artísticos, como o conhecido Groupe des Six (Grupo dos Seis). Cocteau foi eleito membro da Academia Francesa em 1955.
Imagens: OFICINA de ARGILA - MUBE 04.07.2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

As faces do amor (algumas)


Que mulher não queria ter sido a inspiração para essa linda poesia e canção?
Essa música tem sua originalidade preservada pela força que emana da homenagem que faz à mulher no conceito, aparentemente comum, do ELA.

Tous les visages de l'amour
Charles Aznavour


Toi, par tes mille et un attraits
Je ne sais jamais qui tu es
Tu changes si souvent de visage et d'aspect

Toi quelque soit ton âge et ton nom
Tu es un ange ou le démon
Quand pour moi tu prends tour à tour
Tous les visages de l'amour

Toi, si Dieu ne t'avait modelé
Il m'aurait fallu te créer
Pour donner à ma vie sa raison d'exister

Toi qui est ma joie et mon tourment
Tantôt femme et tantôt enfant
Tu offres à mon cÂœur chaque jour
Tous les visages de l'amour

Moi, je suis le feu qui grandit ou qui meure
Je suis le vent qui rugit ou qui pleure
Je suis la force ou la faiblesse

Moi, je pourrais défier le ciel et l'enfer
Je pourrais dompter la terre et la mer
Et réinventer la jeunesse

Toi, viens fais moi ce que tu veux
Un homme heureux ou malheureux
Un mot de toi je suis poussière ou je suis Dieu

Toi, sois mon espoir, sois mon destin
J'ai si peur de mes lendemains
Montre à mon âme sans secours
Tous les visages de l'amour

Toi ! tous les visages de l'amour



Todos os rostos do amor...

Tu... por teus mil e um atrativos
Jamais saberei quem tu és...
Tu mudas frequente de rosto e de aspecto...

Tu... quaisquer que sejam tua idade e teu nome
Ora és um anjo... ora um demônio
Quando para mim tomas volta a volta
Todos os rostos do amor...

Tu... se deus não te houvesse modelado
Ele me faria a necessidade de criar-te
Para dar à minha vida razão de existir...

Tu... que és o meu prazer e o meu tormento
Tanto és mulher... tanto és criança...
Ofereces-me ao coração em cada dia
Todos os rostos do amor...

Eu... eu sou o fogo que se inflama ou que morre
Eu sou o vento que ruge ou que chora
Eu sou a força ou a fraqueza...

Eu... eu poderei desafiar o céu e o inferno
Eu poderei superar a terra e o mar
E reinventar a juventude...

Tu... vem fazer de mim o que quiseres
Um homem feliz ou infeliz...
Uma palavra tua e serei pó ou serei deus...

Tu... sê minha esperança... sê meu destino
Eu tenho medo dos meus amanhãs...
Mostra à minha alma sem socorro
Todos os rostos do amor...

Tu...
Todos os rostos do amor......



música: http://www.youtube.com/watch?v=jLLogLQBxbU
Imagem: Grafite no MUBE - julho 2009.

domingo, 12 de julho de 2009

Dúvida cruel


Imagem: Museu da Língua Portuguesa: A França no Brasil. Julho 2009.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Uma música, uma onda.


Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
‘Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz
...





Essa maravilhosa criação do não menos maravilhoso Chico Buarque de Holanda (do Brasil, ainda bem!) traduz um momento importante da minha vida.

Na banalidade do corriqueiro retratado no rompimento de um amor (e quantos relacionamentos não se rompem e se restauram todos os dias?), ele enobrece e traz profundidade ao que é aparentemente banal, quando escolhe, recorta e transforma em objeto de poesia.

O meu momento, não foi exatamente um fim de romance, porque os momentos de romance foram poucos, foi o fim de uma etapa de angústias e frustrações acumuladas durante um longo período, em torno de quatro anos, porque quatro anos é um período longo para quem ama e espera estar junto. Uma onda forte se encarregou de dispersar (ou de enquadrar em outras categorias?) os sentimentos que se acumularam, tal qual os enroscos quando vão se sobrepondo, uns aos outros, galhos sobre galhos, reduzindo o fluxo da água na curva do rio...

Essa música é a onda, em forma de poesia, que demarca essa ruptura e inagura novos sentimentos, novos tempos, porque o rio nunca é o mesmo e nós também não somos.


Olhos nos olhos: composição de Chico Buarque de Holanda, na voz potente de Maria Bethânia. http://www.youtube.com/watch?v=ZZA__cQquyc
Imagem: exposição de grafite no MUBE, julho 2009.