Hoje fui à Livraria Saraiva no Iguatemi. A opção pelo shopping era pra combater um pouco o calor do segundo domingo de verão que, após o almoço, marcava 36°.
A loja, que passou por uma reforma recentemente, ficou muito mais bonita e organizada, de modo que tudo se encontra com mais facilidade, no modelo de 'auto-servimento'.
A loja, que passou por uma reforma recentemente, ficou muito mais bonita e organizada, de modo que tudo se encontra com mais facilidade, no modelo de 'auto-servimento'.
Logo na entrada me deparei com um livro-álbum do fotógrafo brasileiro
Sebastião Salgado - África.
Como ali é permitido e sendo esse mais um dos atrativos da loja, ousei folhear aquela obra de arte cuidadosamente colocada em exposição. O texto de Mia Couto, na introdução, já antecipa alguns possíveis sentidos para o livro. Na sequência, as imagens que condensam em si muitos dos capítulos da história oficial, duramente marcada na carne e nas mentes daquelas pessoas, são emblemáticas.
Não deve haver outro lugar, senão naqueles corpos e ali naquele livro, onde essa história esteja tão verdadeiramente revelada.
Homens. Mulheres. Crianças. Idosos. Tanto sofrimento e tanta ausência de direitos nas tantas vidas que foram e ainda são negadas.
Encantada com as imagens mas leiga nos processos e recursos usados na arte da fotografia, as questões que me assaltavam eram de outra natureza: Será que a vida ali vale menos? Será que a dor dói menos?
Folheei mais algumas páginas e faltou coragem. Senti o 'nó na garganta', as lágrimas ameaçaram, fechei o livro.
Homens. Mulheres. Crianças. Idosos. Tanto sofrimento e tanta ausência de direitos nas tantas vidas que foram e ainda são negadas.
Encantada com as imagens mas leiga nos processos e recursos usados na arte da fotografia, as questões que me assaltavam eram de outra natureza: Será que a vida ali vale menos? Será que a dor dói menos?
Folheei mais algumas páginas e faltou coragem. Senti o 'nó na garganta', as lágrimas ameaçaram, fechei o livro.
Entretanto, apesar de provocar sentimentos como revolta e tristeza, evidenciar o tratamento banal que durante anos tem sido dado à vida, a genialidade do artista nos protege: ao mesmo tempo em que traz à tona a crueldade da história feita por homens contra os próprios homens, ele possui a sensibilidade de desvelar nos olhares daquelas pessoas a dignidade e o orgulho por serem quem elas são.
África, de Sebastião Salgado
Taschen, 336 pp, capa dura,
Por razões profissionais, estive no interior de Angola, onde me deparei com uma escola de vida onde os sentimentos são mais fortes e os valores são mais ricos. De facto a vida vale muito pouco, morrer por vezes é um acto de piedade.
ResponderExcluirTodos os dias chorei ao deitar e ainda hoje me emociono ao pensar que provavelmente muitas daquelas crianças que transportei ao meu colo, não resistiram ás varias doenças e fome. Este comentario fica como homenagem as voluntarias que encontrei que curiosamente eram chefiadas por uma freira natural da cidade onde a criadora deste blogue reside. Para a irmã Martina,o meu obrigado pois sei que continua a tratar daquelas crianças com todo o carinho.Gostaria de voltar mas teria que levar todos os amigos e conhecidos para eles tambem receberem uma lição de vida. Perante o que vi, tudo,mas tudo são banalidades.ACREDITEM !!
Um bom 2008 para os leitores deste excelente blog
Serginho