domingo, 23 de novembro de 2008

Era uma vez uma menina (presa) na fotografia...



“Nesta situação absurda, o personagem, um aluno dos primeiros anos do falecido ginásio, ficou paralisado no tempo e relata o que entreviu da história recente do país”, conta Bonassi, completando que esse menino “somos todos nós, os brasileiros nascidos na primeira metade dos anos 60, que aprendemos a nos acostumar e a acumular frustrações”. (Fernando Bonassi)

O espaço da escola sempre havia me fascinado e por um estranho desejo de permanecer a vida toda naquele não-lugar; Eu, desde criança, havia me apaixonado por todas as escolas por onde havia passado e a minha paixão pelo estudo me faria, finalmente, retornar, ingressando na PUCCAMP, no curso de Educação Artística. Já no segundo ano do curso, fui dar aulas em caráter excepcional, em uma escola da Rede Estadual, em Hortolândia. Mesmo sem ainda estar formada, ser professora era exatamente o que eu buscava e ser professora de artes me conferia um privilégio que poucos professores tinham: a preferência das crianças, desde os anos iniciais até a 8ª série. Mergulhava com as crianças e observava como cada uma correspondia às diferentes propostas: desenhos, teatro, música, dança, folclore. Buscava caminhos através de diversas formas de expressão para oportunizar a todos e a cada um para que se manifestassem em seus sentimentos, suas emoções, sobretudo àqueles que diziam que ‘não sabiam fazer’. Nos guardados ainda tenho desenhos, fotos, composições, colagens que são fragmentos desse percurso que traçamos juntos, os alunos e eu e que contam histórias que as palavras não traduzem, pela autenticidade, pela originalidade com que eram produzidos. Era isso - havia, pra mim, encontrado a fórmula do 'ser-professora' - evocar nas crianças suas manifestações genuínas, recusando qualquer forma de cópia.


Fragmento do relatório elaborado à FAPESP, 2008.

Um comentário:

  1. Que belo post !

    O texto é simples mas algo muito real e por isso não me deixou surpreso ate porque tenho aprendido muito contigo.
    A foto é de um encanto enorme , uma foto marcada pelo tempo onde não posso deixar de realçar um detalhe que me levou de imediato a identificar-te : O sorriso !!!!
    A postura é de alguém que já se via do outro lado da barricada e o sorriso é sem duvida de alguém de coração enorme.

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