[...]Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]
Corrigindo: Esse trecho é parte da poesia de Eduardo Alves da Costa e indevidamente havia sido atribuído a Vladimir Maiakóvski. Obrigada às colegas Mafê e Pity pela correção.
EDUARDO ALVES DA COSTA - Niterói, RJ, 1936 - Nota: Poema publicado no livro 'Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século', organizado por José Nêumanne Pinto, pag. 218.
http://www.umacoisaeoutra.com.br/literatura/falsos.htm
Marlene,
ResponderExcluirImprimi o lindo texto do Maiakóvski (inspirada pelo seu blog) e fiz um cartaz para as atividades de hoje da greve. Senti-me um portavoz do seu blog. RSRSRS
A coisa tá muito séria, nunca vi os servidores precisando tanto gritar e por pra fora as insatisfações desse (des)governo Hélio.
E a luta continua!!!
Maria,
ResponderExcluirO poeta Pablo Neruda nos disse que "A poesia não é de quem a escreve, mas de quem precisa dela".
A mensagem de Maiakóvski traduz o nosso estado de alma, portanto, usemos como um patrimônio que é nosso também.
Esse momento é o autêntico: "PODER PÚBLICO".
Até à vitória!!
Marlene!
ResponderExcluirAchei seu blog!...Lembrei que tinha disponibilizado o endereço no TELEDUC! Primeiro quero te dizer que é lindo! Quero ler suas postagens com calma depois...
Recebi um email da educadora Pity, corrigindo a citação do poema atribuído à Maiakovski e à Brecht.Ele pediu que eu corrigisse no BLOg. Eu disse à ela que te daria um toque... acho que vale uma ressalva postada em comentário por lá.
beijos, Mafê
Eis o poema:
NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI
Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.
Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.
Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.
E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!
EDUARDO ALVES DA COSTA
Niterói, RJ, 1936
Nota: Poema publicado no livro 'Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século', organizado por José Nêumanne Pinto, pag. 218.
http://www.umacoisaeoutra.com.br/literatura/falsos.htm
Oi, Mafê!!
ResponderExcluirEm primeiro lugar, obrigada pela visita.
Obrigada pela dica sobre o autor e a poesia a que pertence o trecho citado. Vou corrigir, sim e faço a ressalva.
Um grande abraço e volte sempre.