segunda-feira, 25 de maio de 2009

Aos colegas do movimento paredista


[...]Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]

Corrigindo: Esse trecho é parte da poesia de Eduardo Alves da Costa e indevidamente havia sido atribuído a Vladimir Maiakóvski. Obrigada às colegas Mafê e Pity pela correção.
EDUARDO ALVES DA COSTA - Niterói, RJ, 1936 - Nota: Poema publicado no livro 'Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século', organizado por José Nêumanne Pinto, pag. 218.
http://www.umacoisaeoutra.com.br/literatura/falsos.htm

4 comentários:

  1. Marlene,
    Imprimi o lindo texto do Maiakóvski (inspirada pelo seu blog) e fiz um cartaz para as atividades de hoje da greve. Senti-me um portavoz do seu blog. RSRSRS
    A coisa tá muito séria, nunca vi os servidores precisando tanto gritar e por pra fora as insatisfações desse (des)governo Hélio.
    E a luta continua!!!

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  2. Maria,
    O poeta Pablo Neruda nos disse que "A poesia não é de quem a escreve, mas de quem precisa dela".
    A mensagem de Maiakóvski traduz o nosso estado de alma, portanto, usemos como um patrimônio que é nosso também.
    Esse momento é o autêntico: "PODER PÚBLICO".
    Até à vitória!!

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  3. Marlene!
    Achei seu blog!...Lembrei que tinha disponibilizado o endereço no TELEDUC! Primeiro quero te dizer que é lindo! Quero ler suas postagens com calma depois...
    Recebi um email da educadora Pity, corrigindo a citação do poema atribuído à Maiakovski e à Brecht.Ele pediu que eu corrigisse no BLOg. Eu disse à ela que te daria um toque... acho que vale uma ressalva postada em comentário por lá.
    beijos, Mafê

    Eis o poema:
    NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI


    Assim como a criança
    humildemente afaga
    a imagem do herói,
    assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
    Não importa o que me possa acontecer
    por andar ombro a ombro
    com um poeta soviético.
    Lendo teus versos,
    aprendi a ter coragem.

    Tu sabes,
    conheces melhor do que eu
    a velha história.
    Na primeira noite eles se aproximam
    e roubam uma flor
    do nosso jardim.
    E não dizemos nada.
    Na segunda noite, já não se escondem:
    pisam as flores,
    matam nosso cão,
    e não dizemos nada.
    Até que um dia,
    o mais frágil deles
    entra sozinho e nossa casa,
    rouba-nos a luz e,
    conhecendo nosso medo,
    arranca-nos a voz da garganta.
    E já não podemos dizer nada.

    Nos dias que correm
    a ninguém é dado
    repousar a cabeça
    alheia ao terror.
    Os humildes baixam a cerviz:
    e nós, que não temos pacto algum
    com os senhores do mundo,
    por temor nos calamos.
    No silêncio de meu quarto
    a ousadia me afogueia as faces
    e eu fantasio um levante;
    mas amanhã,
    diante do juiz,
    talvez meus lábios
    calem a verdade
    como um foco de germes
    capaz de me destruir.

    Olho ao redor
    e o que vejo
    e acabo por repetir
    são mentiras.
    Mal sabe a criança dizer mãe
    e a propaganda lhe destrói a consciência.
    A mim, quase me arrastam
    pela gola do paletó
    à porta do templo
    e me pedem que aguarde
    até que a Democracia
    se digne aparecer no balcão.
    Mas eu sei,
    porque não estou amedrontado
    a ponto de cegar, que ela tem uma espada
    a lhe espetar as costelas
    e o riso que nos mostra
    é uma tênue cortina
    lançada sobre os arsenais.

    Vamos ao campo
    e não os vemos ao nosso lado,
    no plantio.
    Mas no tempo da colheita
    lá estão
    e acabam por nos roubar
    até o último grão de trigo.
    Dizem-nos que de nós emana o poder
    mas sempre o temos contra nós.
    Dizem-nos que é preciso
    defender nossos lares,
    mas se nos rebelamos contra a opressão
    é sobre nós que marcham os soldados.

    E por temor eu me calo.
    Por temor, aceito a condição
    de falso democrata
    e rotulo meus gestos
    com a palavra liberdade,
    procurando, num sorriso,
    esconder minha dor
    diante de meus superiores.
    Mas dentro de mim,
    com a potência de um milhão de vozes,
    o coração grita - MENTIRA!

    EDUARDO ALVES DA COSTA
    Niterói, RJ, 1936

    Nota: Poema publicado no livro 'Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século', organizado por José Nêumanne Pinto, pag. 218.


    http://www.umacoisaeoutra.com.br/literatura/falsos.htm

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  4. Oi, Mafê!!
    Em primeiro lugar, obrigada pela visita.
    Obrigada pela dica sobre o autor e a poesia a que pertence o trecho citado. Vou corrigir, sim e faço a ressalva.
    Um grande abraço e volte sempre.

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