segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Carnaval: saúde e direito, o profano e o sagrado.

Duas manchetes me chamaram a atenção no dia de ontem, em matéria divulgada pela agência brasileira Radiobrás. Enquanto uma delas tratava da distribuição gratuita de preservativos no Estado de São Paulo , com o objetivo de preservar a saúde dos foliões, além, é claro, de ser um método contraceptivo, a outra, no Estado de Pernambuco, dá conta de uma ação que 'emite parecer favorável à liberação da pílula do dia seguinte', no município de Recife , considerando ainda as demais ações que garantam a saúde plena da mulher.

A diversão carnavalesca brasileira está desde sempre, muito relacionada à sensualidade feminina, ressalvadas as devidas justificativas de que somos um 'país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza'. Mulheres lindas, verdadeiras esculturas desfilam de norte a sul, expondo cores, sabores e exalando odores, despertando sentimentos de diversas naturezas, dentre eles, o interesse do sexo oposto.

Estando as Secretarias dos referidos Estados preocupadas com a saúde da população em geral (e em específico da feminina também por causa da gravidez), através da prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e AIDS (DST/AIDS), cujo risco de transmissão se potencializa nessa época, intensificaram as ações de prevenção, com a distribuição de preservativos, folhetos explicativos e tantas outras medidas para assegurar que a alegria do carnaval perdure para os outros dias e os demais meses do ano, aos foliões e folionas.

A interpretação que faço, num comparativo das duas notas é de que, enquanto São Paulo demonstra que a saúde tem o caráter preventivo, não dá pra ter interpretação semelhante com a medida tomada em Recife, parecendo um pouco mais liberal, com a oportuna distribuição da tal pílula na época do carnaval. Seria a medida alusiva apenas ao direito da mulher sobre seu corpo? Corrijam-me, se eu estiver fazendo uma interpretação indevida.

Sugiro que leiam a nota detalhadamente, porque é rica, seja nos temas que são polêmicos em sua origem ou ainda nas diferentes interpretações que a matéria possibilita, mas à grosso modo, lançando luz na 'prevenção' (SP) e 'contracepção' (PE) os princípios, se não forem contraditórios, ao menos me parecem inconciliáveis.

Um comentário:

  1. Sem duvida, um bom tema !

    Sendo um Europeu, tenho uma visão diferente do Carnaval, não tenho o Samba ou o sangue quente nas veias e por isso encontro algumas dificuldades para entender toda a loucura em volta do Carnaval, e por isso fico deveras surpreendido ao ler noticias que dão conta da distribuição de preservativos ou pílulas do dia seguinte pois pergunto-me porque razão não se investe este dinheiro em campanhas ao longo do ano?
    Campanhas de informação nas escolas, nas empresas e usando a televisão podem ter resultados muito mais positivos que a distribuição gratuita de preservativos e pílulas.
    Ao ler o post , e ao saber que no recife se estão a distribuir pílulas do dia seguinte pergunto-me se em SP estão a distribuir preservativos para evitar a SIDA ou para evitar uma gravidez não desejada.
    Vou acreditar que SP esta com um tiro a tentar acertar em dois alvos e isso é positivo, evitar a SIDA e a gravidez não desejada, mas sem querer ser conservador ou puritano pois não o sou, devo dizer que a melhor aposta é a informação ou seja a educação, fazer um grande inquérito para saber a razão do não uso do preservativo pois certamente existem varias razões e que podem e devem ser estudadas e entendidas para que seja possível fazer algo que altere a situação. Dar preservativos gratuitamente é um convite ao sexo sem se explicar a razão pela qual deve ser usado o preservativo, logo provavelmente a campanha não terá o efeito desejado.
    Porque não o governo ou a administração subsidiar os preservativos ? Comparticipar com uma verba que permita que o custo ao consumidor seja mais baixo. Quero com isto dizer que duvido do sucesso de uma campanha deste género se não tiver uma devida pré-campanha e pós campanha.
    Sobre o caso do Recife, em minha opinião trata-se de uma pura campanha de marketing do laboratório fabricante da pílula que encontrou no Recife a receptividade para este investimento e jogada de marketing, pois antes da gravidez deve ser sempre colocada a situação da SIDA e a pílula é um convite ao não uso do preservativo.
    Resultado final : São Paulo – 1 Recife – 0
    Aproveito para deixar uma dica, porque não apostar na já existente vacina contra o cancro do útero que mata mais mulheres que a SIDA ?
    Deve ser tomada pelas jovens antes da iniciação da vida sexual e se for acompanhada de um bom programa de vacinação estou certo que vai evitar muitos custos públicos na saúde a curto e médio prazo, alem de prevenir a mulher sobre algo que ela não pode controlar que é o cancro, pois a gravidez e a SIDA, o uso ou não do preservativo é algo que ainda pode ser controlado com as devidas precauções.
    Deixo o convite ao governo Brasileiro para investir nesta vacina que essa sim,previne uma doença que mata e nada podemos fazer para a evitar.

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