domingo, 28 de junho de 2009

Casa no Campo




Eu quero uma casa no campo


Onde eu possa compor muitos rocks rurais


E tenha somente a certeza


Dos amigos do peito e nada mais


Eu quero uma casa no campo


Onde eu possa ficar no tamanho da paz


E tenha somente a certeza


Dos limites do corpo e nada mais


Eu quero carneiros e cabras pastando solenes


No meu jardim


Eu quero o silêncio das línguas cansadas


Eu quero a esperança de óculos


Meu filho de cuca legal


Eu quero plantar e colher com a mão


A pimenta e o sal


Eu quero uma casa no campo


Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé


Onde eu possa plantar meus amigos


Meus discos e livros


E nada mais...




Composição: Zé Rodrix e Tavito


Imagem: Alpendre - Maria Emília H. da Costa http://br.olhares.com/alpendre_foto893412.html

sábado, 27 de junho de 2009

Matérias de muito amar...



Estampas de Vila Rica II
São Francisco de Assis

Senhor, não mereço isto.
Não creio em vós para vos amar.
Trouxestes-me a São Francisco
e me fazeis vosso escravo.

Não entrarei, Senhor, no templo,
seu frontispício me basta.
Vossas flores e querubins
são matéria de muito amar.

Dai-me, Senhor, a só beleza
destes ornatos. E não a alma.
Pressente-se dor de homem,
paralela à das cinco chagas
.

Mas entro e, Senhor, me perco
na rósea nave triunfal.
Por que tanto baixar o céu?
Por que esta nova cilada?

Senhor, os púlpitos mudos
entretanto me sorriem.
Mais que vossa igreja, esta
sabe a voz de me embalar.

Perdão, Senhor, por não amar-vos.

A Igreja de São Francisco de Assis da Penitência, em Ouro Preto, Minas Gerais, é uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa do Mundo. Dezesseis países participaram, com vinte e sete obras. Os critérios para a escolha consideraram o valor histórico e patrimonial e a importância das obras para o mundo.

Aleijadinho - Filho do mestre-de-obras português Manuel Francisco Lisboa e da escrava Isabel, o arquiteto, escultor e entalhador Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica, hoje Ouro Preto, e é considerado a maior expressão da arte brasileira de todos os tempos.

Manuel da Costa Ataíde - Pintor brasileiro nascido em Mariana, MG, é considerado o maior expoente da pintura barroca mineira e brasileira. A pintura do teto da igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, representando a 'Assunção da Virgem' é a sua obra mais famosa.

Poesia: ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética.
32.ed. Rio de Janeiro: Record, 1996, p.53-54

Imagem: Teto da Igreja de São Francisco de Assis (Ouro Preto - MG), obra-prima do pintor Manuel da Costa Ataíde (1762-1837).

Imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/85/SFrancisOuroPreto-CCBY.jpg/300px-SFrancisOuroPreto-CCBY.jpg

Para saber mais:http://www.7maravilhas.sapo.pt/#/27Maravilhas/Vencedores

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Grande Noel...


ÚLTIMO DESEJO


Nosso amor que eu não esqueço
E que teve seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar e sem violão
Perto de você me calo
Tudo penso nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero seu beijo
Mas meu último desejo
Você não pode negar

Se alguma pessoa amiga
Pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora
Que você lamenta e chora
A nossa separação

Às pessoas que eu detesto
Diga sempre que eu não presto
Que meu lar é um botequim
E que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim





Composição: Noel Rosa
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=EM9TNdeIEHM - Nelson Gonçalves
Imagem: São João - http://br.olhares.com/linamag

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A história da nossa ilusão














Agora é me dedicar
inteiramente ao nosso amor
cantar nossa música
agora é só decidir
aonde queremos ir
armar nossa tenda

já que a nossa varanda vai ser
a estrada da vida

por onde o sol passará
e a lua também virá
contar nossa lenda

e os tempos futuros, vão
saber como foi
escrever nos muros, vão
nas pedras do chão
a história da nossa ilusão.

Interpretação: Gilberto Gil
Imagem: Retratos da Vida - http://br.olhares.com/gemersondias

sábado, 13 de junho de 2009

Café da manhã especial...


-Não, mãe... não precisa me segurar, eu sei andar sozinho.
Depois de algumas insistências, soltei a bicicleta.
Deixei, então, que ele fosse.
E lá se foi meu pequeno, andando de bicicleta, em duas rodas... sem as rodinhas traseiras auxiliares...sem a ajuda das duas mãos (teimosas) da mãe.
- ... deixa que eu te ajudo mãe!
E pegava a alça do carrinho de cortar grama e seguia...
O carrinho o conduzia, e lá ia ele, acreditando que estava sendo ele, o condutor do cortador de grama pelo enorme quintal...
São esses espisódios, dentre outros, que vou narrar talvez, um dia, nas minhas memórias de mãe.
É só um aperitivo.
Ele é muito maior.
Na altura, no abraço, na bondade, na integridade, na espontaneidade.
Filho, que você continue sendo o 'condutor' dos seus sonhos.
Que nada tire tudo de bom que você tem.
Meus Parabéns.
Te amo.


Mãe

Imagem: Leandro
Música: http://www.youtube.com/watch?v=2gv62KbSBQM

sexta-feira, 12 de junho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

"CORPUS CHRISTI"


História da festa de "CORPUS CHRISTI" no Brasil

A festa foi trazida para o Brasil pelos portugueses. No Brasil, numa carta de 9 de agosto de 1549, o Padre Manuel da Nóbrega, da Bahia, informava: “Outra procissão se fez dia de Corpus Christi, mui solene, em que jogou toda a artilharia, que estava na cerca, as ruas muito enramadas, houve danças e invenções à maneira de Portugal”. (Cartas do Brasil, 86, Rio de Janeiro, 1931).
As procissões portuguesas eram esplendorosas: tropas, fidalgos, cavaleiros, andores, danças e cantos. A imagem de São Jorge, padroeiro de Portugal, seguia a procissão montada em um cavalo, rodeada de oficiais de gala.

A tradição de enfeitar as ruas surgiu em Ouro Preto, cidade histórica do interior de Minas Gerais.

domingo, 7 de junho de 2009

Com olhos de criança

Henri Matisse

O desenho é a possessão. A cada linha deve corresponder outra linha que faça um contrapeso, da mesma forma que se abraça, que se possui com dois braços. A vontade de possessão é mais ou menos forte segundo cada ser; há quem deseja frouxamente. (a Paule Martin, 1949-50)
"Criar é próprio do artista; onde não há criação, a arte não existe. Mas seria enganoso atribuir este poder criador a um dom inato. Em matéria de arte, o criador autêntico não é apenas um ser dotado; é um homem que soube ordenar para sua finalidade todo um facho de atividades cujo resultado é a obra de arte. É assim que para o artista, a criação começa na visão. Ver, isso já é uma operação criadora, que exige esforço. Tudo o que vemos na vida diária sofre mais ou menos a deformação produzida pelos hábitos adquiridos, e o fato é talvez mais sensível numa época como a nossa, onde o cinema, a publicidade e as revistas nos impõem cotidianamente um fluxo de imagens prontas que são um pouco, na ordem da visão, o que é o preconceito na ordem da inteligência. O esforço necessário para se desvencilhar disso exige uma espécie de coragem; e esta coragem é indispensável ao artista que deve ver todas as coisas como se as tivesse vendo pela primeira vez; é preciso ver toda a vida como quando se era criança; e a perda dessa possibilidade vos retira a de vos exprimir de uma maneira original, isto é, pessoal.
Para tomar um exemplo, penso que nada é mais difícil para um verdadeiro pintor do que pintar uma rosa, porque, para fazê-lo, é-lhe preciso primeiro esquecer todas as rosas pintadas. Aos visitantes que vinham me ver em Vence, eu muitas vezes perguntei: “Vocês viram os acantos, sobre os declives que margeiam a estrada?”. Ninguém os tinha visto; todos teriam reconhecido a folha de acanto sobre um capitel coríntio, mas ao natural, a lembrança do capitel impedia de ver o acanto. Ver cada coisa na sua verdade é um primeiro passo em direção à criação, e isto supõe um esforço contínuo.
Criar é exprimir o que se tem em si. Todo esforço autêntico de criação é interior. Ainda assim é preciso alimentar seu sentimento, o que se faz com a ajuda dos elementos tirados do mundo exterior. Aqui intervém o trabalho pelo qual o artista incorpora, assimila gradativamente para si o mundo exterior, até que o objeto que ele desenha tenha se tornado como parte dele mesmo, até que ele tenha em si e que possa projetá-lo na tela como sua própria criação.
Quando pinto um retrato, eu tomo e retomo meu estudo, e é cada vez um novo retrato que faço: não o mesmo que corrijo, mas um outro retrato que recomeço; e é cada vez um ser diferente que eu extraio da mesma personalidade. Tem me acontecido freqüentemente, para esgotar mais completamente meu estudo, de me inspirar em fotografias de uma mesma pessoa em idades diferentes: o retrato definitivo poderá representá-la mais jovem, ou sob um aspecto diferente daquele que ela oferece no momento em que posa, porque é este aspecto que me terá parecido o mais verdadeiro, mais revelador de sua personalidade.
O obra de arte é dessa forma o resultado de um longo trabalho de elaboração. O artista busca a seu redor tudo o que é capaz de alimentar sua visão interior, diretamente – quando o objeto que ele desenha deve figurar em sua composição – ou por analogia. Ele se põe assim em estado de criar. Ele se enriquece interiormente de todas as formas nas quais ele se torna mestre e que ele ordenará algum dia segundo um ritmo novo.
É na expressão deste ritmo que a atividade do artista será realmente criadora; ser-lhe-á necessário, para alcançar isto, tender para o despojamento mais do que para a acumulação de detalhes; escolher, por exemplo, no desenho, entre todas as combinações possíveis, a linha que se revelará plenamente expressiva, e como que portadora de vida; pesquisar estas equivalências pelas quais os dados da natureza se acham transportados para o domínio próprio da arte. Na “Nature morte au magnólia” ("Natureza morta com magnólia"), representei em vermelho uma mesa de mármore verde; em outro lugar, precisei de uma mancha preta para evocar o reflexo do sol no mar; todas estas transposições não eram nem um pouco o efeito do acaso, ou sabe lá de que fantasia, mas sim o resultado de uma série de pesquisas, em seguida das quais estas tintas me pareciam necessárias, visto sua relação com o resto da composição, para dar a impressão desejada. As cores, as linhas são forças, e no jogo dessas forças, no seu equilíbrio, reside o segredo da criação.
Na capela de Vence, que é o resultado de minhas investigações anteriores, eu tentei realizar esse equilíbrio de forças; os azuis, os verdes, os amarelos dos vitrais compõem no interior uma luz que não é, propriamente falando, nenhuma das cores empregadas, mas o produto vivo de sua harmonia, de suas relações recíprocas; essa cor-luz era destinada a brincar sobre o campo branco bordado de preto da parede em frente aos vitrais, e sobre a qual as linhas são voluntariamente muito espaçadas. O contraste me permite dar à luz todo o seu valor de vida, torná-la elemento essencial, aquele que colore, aquece, anima realmente este conjunto no qual importa dar uma impressão de espaço ilimitado apesar de suas dimensões reduzidas. Em toda essa capela, não há uma linha, um detalhe que não concorra para dar essa impressão.
É neste sentido, me parece, que se pode dizer que a arte imita a natureza: pelo caráter de vida que confere à obra de arte um trabalho criador. Então a obra aparecerá assim fecunda, e dotada desse mesmo frêmito interior, dessa mesma beleza resplandecente que as obras da natureza também possuem. É necessário um grande amor, capaz de inspirar e de sustentar esse esforço contínuo em direção à verdade, essa generosidade reunida a esse despojamento profundo que a gênese de toda obra de arte implica.
Mas o amor não está na origem de toda criação? "



(Idéias coletadas por Régine Pernoud, Le Courrier de l’ UNESCO, vol. VI, nº. 10, outubro de 1953.)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dia Mundial do Meio Ambiente - reflexão

Todos os dias, pelos espaços públicos, me deparo com cenas que causam desconforto. Vão desde um simples copo descartável de café pelo chão até uma cena que vi esta semana, em uma rua central da cidade e ainda permanece lá: uma caçamba de entulhos contendo grande quantidade de partes frontais de televisores que correspondem ao 'tubo de imagem'(esses equipamentos trazem na composição, metais pesados que se não forem manuseados corretamente, podem provocar sérios danos às pessoas e a contaminação no ambiente).
A consciência ambiental é uma construção e por essas demonstrações, eu concluo que nos situamos em um nível de pouca maturidade ainda. O descarte de certos materiais ainda fica sujeito à responsabilidade de cada um e, em alguns casos, por má fé ou ignorância, são realizados inadequadamente.
A mídia aponta os problemas numa ordem macro e as pessoas acabam se vendo imersas nesse sistema amplo e distanciado, sem a possibilidade de estabelecer uma relação direta com a realidade em que vivem. Esse efeito é paralisador, porque não possibilita que as pessoas se percebam como sujeitos do processo e o quanto as suas ações, aparentemente pequenas, são significativas e definidoras no destino do planeta, nos cuidados com natureza, como reparadora do que já foi destruído e na prevenção do que ainda resta.
Assim, o problema parece sempre ser 'do outro'. E não é.
Cada pessoa pode fazer diferença na questão ambiental através de pequenas atitudes responsáveis, ou seja, pensando a relação das causas e consequências. Agindo assim, irá compor a parcela dos que estão fazendo parte da solução para os problemas ambientais. Não estão excluídas as grandes ações, os grandes movimentos das organizações voltadas para o meio ambiente, num espectro maior e mais abrangente. Porém, no micro universo, podemos fazer diferença.
Sobre o lixo, por exemplo. Atitudes em casa, na rua, no trabalho, na escola: a decisão pelo destino do lixo começa mesmo antes do descarte. No momento da compra, já temos que manter um olhar seletivo e atento às nossas escolhas:
- avaliar se necessitamos realmente de tal produto;
- observar o uso exagerado de embalagens;
- eleger as empresas que têm compromisso com a sociedade e com a natureza, que não testam seus produtos em animais;
- dar preferência aos alimentos orgânicos, que agridem menos o ambiente e a nossa saúde;
- reduzir o uso de produtos descartáveis no dia a dia, como pratos, copos para água ou café, dando preferência àqueles que tem vida útil mais longa e são recicláveis;
- levar sempre o seu copo para uso individual, evitando o uso de copos descartáveis e, no caso de uso, dar o destino adequado também a esses;
E posteriormente, no ato de realizar a coleta seletiva, separar o material que pode ser reciclado e reaproveitado daquele que é orgânico e perecível.
A coleta seletiva pode ser retirada pelos caminhões do serviço público ou pelos coletores de cooperativas ou ainda, encaminhada pelo próprio usuário, para os recipientes adequados (contentores coloridos). Ao final, vai sobrar bem pouco para ser levado como lixo comum a ser tratado pelo serviço público. E mais: o material orgânico como as pequenas sobras (cascas e sementes de frutas, verduras, legumes, cascas de ovos, pó de café) pode ser depositado em algum espaço pequeno de terra no quintal, no jardim, que além de contribuir com a diminuição do lixo comum, ainda estará adubando a terra.
Assim, nós, sujeitos ao nos incluirmos nesse movimento, saímos da condição de consumidores e nos elevamos à condição emancipadora de cidadãos.
Ao longo da história, temos tratado a terra e a natureza como uma fonte farta e inesgotável de recursos a serem explorados para atender nossos anseios de consumo e de sobrevivência. Pavimentamos as ruas, os parques, os quintais das nossas casas e depois adquirimos vasos para, de alguma maneira, recuperarmos o contato visual e tátil com a terra, que é a nossa verdadeira natureza.
É necessário e urgente, (re)educarmos o nosso olhar.
As dicas aqui apontadas, muito mais que pequenas sugestões, pretendem provocar uma reflexão ao demonstrar que muito pode ser feito para que a nossa consciência ambiental se consolide a cada dia e que podemos sim, dar a nossa parcela de contribuição em favor da vida.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Canção com todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto Peru
Rostro Bolivia estaño y soledad
Un verde BRASIL
Besa mi Chile cobre y mineral
Subo desde el Sur
Hacia la entraña America y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento

Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz




Canción Con Todos - Armando Tejada Gómez Y César Isella - Mercedes Sosa