quinta-feira, 9 de julho de 2009

Uma música, uma onda.


Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
‘Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz
...





Essa maravilhosa criação do não menos maravilhoso Chico Buarque de Holanda (do Brasil, ainda bem!) traduz um momento importante da minha vida.

Na banalidade do corriqueiro retratado no rompimento de um amor (e quantos relacionamentos não se rompem e se restauram todos os dias?), ele enobrece e traz profundidade ao que é aparentemente banal, quando escolhe, recorta e transforma em objeto de poesia.

O meu momento, não foi exatamente um fim de romance, porque os momentos de romance foram poucos, foi o fim de uma etapa de angústias e frustrações acumuladas durante um longo período, em torno de quatro anos, porque quatro anos é um período longo para quem ama e espera estar junto. Uma onda forte se encarregou de dispersar (ou de enquadrar em outras categorias?) os sentimentos que se acumularam, tal qual os enroscos quando vão se sobrepondo, uns aos outros, galhos sobre galhos, reduzindo o fluxo da água na curva do rio...

Essa música é a onda, em forma de poesia, que demarca essa ruptura e inagura novos sentimentos, novos tempos, porque o rio nunca é o mesmo e nós também não somos.


Olhos nos olhos: composição de Chico Buarque de Holanda, na voz potente de Maria Bethânia. http://www.youtube.com/watch?v=ZZA__cQquyc
Imagem: exposição de grafite no MUBE, julho 2009.

Um comentário:

  1. Seu post é triste , é quase um coração a chorar numa fuga para a frente.

    Perder um amor , deixar de viver um romance é sempre algo a lamentar principalmente se não for de forma unilateral .
    Também eu perdi amores e romances na minha vida , em todos coloquei o máximo de mim , sempre sem medos e recordando os bons momentos e nunca me referindo ás angustias vividas, essas sim são passado , não ficam guardadas em gavetas que podem ser abertas, essas deixo que o vento as leve , o que guardo para todo o sempre e enalteço são os bons momentos vividos , esses sim são parte da minha orgulhosa historia.

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