terça-feira, 29 de março de 2011

Catulo na voz de Maria Bethânia


Não há, oh gente oh não,

Luar Como esse do sertão

Oh que saudade

Do luar da minha terra

Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão

Este luar cá da cidade

Tão escuro

Não tem aquela saudade

Do luar lá do sertão

Não há, oh gente...

Se a lua nasce

Por detrás da verde mata

Mais parece um sol de prata

Prateando a solidão

E a gente pega Na viola que ponteia

E a canção

É a lua cheia

A nos nascer do coração

Não há, oh gente...

Coisa mais bela

Neste mundo não existe

Do que ouvir-se um galo triste

No sertão, se faz luar

Parece até que a alma da lua

É que descanta Escondida na garganta

Desse galo a soluçar Não há, oh gente...

Ah, quem me dera

Que eu morresse lá na serra

Abraçado à minha terra

E dormindo de uma vez

Ser enterrado

Numa grota pequenina

Onde à tarde a sururina

Chora a sua viuvez Não há, oh gente...

Na mesma perspectiva da interpretação da poesia de Chico Buarque em Futuros Amantes, de que um amor do passado, entre dois, fica no ar para quem quiser ou puder apanhar futuramente... que o amor entre dois 'serve' pra outros, a criação de Catulo da Paixão Cearense - Luar do Sertão é também uma matriz brasileira de onde tanta poesia se deriva.


Imagem: Caucaia - Ceará by Héder

Um comentário:

  1. Poema com características muito próprias, ate pelo difícil de entender , o conteúdo esta presente mas penso que apresenta alguns desdobramentos que são difíceis de descodificar numa leitura menos atenta.
    Quase diria que o texto no final é como a poesia Cearence ….

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