sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dia Mundial do Meio Ambiente - reflexão

Todos os dias, pelos espaços públicos, me deparo com cenas que causam desconforto. Vão desde um simples copo descartável de café pelo chão até uma cena que vi esta semana, em uma rua central da cidade e ainda permanece lá: uma caçamba de entulhos contendo grande quantidade de partes frontais de televisores que correspondem ao 'tubo de imagem'(esses equipamentos trazem na composição, metais pesados que se não forem manuseados corretamente, podem provocar sérios danos às pessoas e a contaminação no ambiente).
A consciência ambiental é uma construção e por essas demonstrações, eu concluo que nos situamos em um nível de pouca maturidade ainda. O descarte de certos materiais ainda fica sujeito à responsabilidade de cada um e, em alguns casos, por má fé ou ignorância, são realizados inadequadamente.
A mídia aponta os problemas numa ordem macro e as pessoas acabam se vendo imersas nesse sistema amplo e distanciado, sem a possibilidade de estabelecer uma relação direta com a realidade em que vivem. Esse efeito é paralisador, porque não possibilita que as pessoas se percebam como sujeitos do processo e o quanto as suas ações, aparentemente pequenas, são significativas e definidoras no destino do planeta, nos cuidados com natureza, como reparadora do que já foi destruído e na prevenção do que ainda resta.
Assim, o problema parece sempre ser 'do outro'. E não é.
Cada pessoa pode fazer diferença na questão ambiental através de pequenas atitudes responsáveis, ou seja, pensando a relação das causas e consequências. Agindo assim, irá compor a parcela dos que estão fazendo parte da solução para os problemas ambientais. Não estão excluídas as grandes ações, os grandes movimentos das organizações voltadas para o meio ambiente, num espectro maior e mais abrangente. Porém, no micro universo, podemos fazer diferença.
Sobre o lixo, por exemplo. Atitudes em casa, na rua, no trabalho, na escola: a decisão pelo destino do lixo começa mesmo antes do descarte. No momento da compra, já temos que manter um olhar seletivo e atento às nossas escolhas:
- avaliar se necessitamos realmente de tal produto;
- observar o uso exagerado de embalagens;
- eleger as empresas que têm compromisso com a sociedade e com a natureza, que não testam seus produtos em animais;
- dar preferência aos alimentos orgânicos, que agridem menos o ambiente e a nossa saúde;
- reduzir o uso de produtos descartáveis no dia a dia, como pratos, copos para água ou café, dando preferência àqueles que tem vida útil mais longa e são recicláveis;
- levar sempre o seu copo para uso individual, evitando o uso de copos descartáveis e, no caso de uso, dar o destino adequado também a esses;
E posteriormente, no ato de realizar a coleta seletiva, separar o material que pode ser reciclado e reaproveitado daquele que é orgânico e perecível.
A coleta seletiva pode ser retirada pelos caminhões do serviço público ou pelos coletores de cooperativas ou ainda, encaminhada pelo próprio usuário, para os recipientes adequados (contentores coloridos). Ao final, vai sobrar bem pouco para ser levado como lixo comum a ser tratado pelo serviço público. E mais: o material orgânico como as pequenas sobras (cascas e sementes de frutas, verduras, legumes, cascas de ovos, pó de café) pode ser depositado em algum espaço pequeno de terra no quintal, no jardim, que além de contribuir com a diminuição do lixo comum, ainda estará adubando a terra.
Assim, nós, sujeitos ao nos incluirmos nesse movimento, saímos da condição de consumidores e nos elevamos à condição emancipadora de cidadãos.
Ao longo da história, temos tratado a terra e a natureza como uma fonte farta e inesgotável de recursos a serem explorados para atender nossos anseios de consumo e de sobrevivência. Pavimentamos as ruas, os parques, os quintais das nossas casas e depois adquirimos vasos para, de alguma maneira, recuperarmos o contato visual e tátil com a terra, que é a nossa verdadeira natureza.
É necessário e urgente, (re)educarmos o nosso olhar.
As dicas aqui apontadas, muito mais que pequenas sugestões, pretendem provocar uma reflexão ao demonstrar que muito pode ser feito para que a nossa consciência ambiental se consolide a cada dia e que podemos sim, dar a nossa parcela de contribuição em favor da vida.

Um comentário:

  1. Eu aqui me confesso :
    Não sou um grande separador de lixo , talvez pelo facto de produzir muito pouco lixo, e de ter o cuidado de deitar diariamente o lixo no deposito e provavelmente o maior lixo mesmo que eu produzo é o saco que o transporta… bem mais que o próprio conteúdo.
    Não quero contrariar a autora, mas numa civilização que luta contra o desemprego não seria melhor o lixo ser separado em locais próprios criando com isso postos de trabalho ?
    Algo que me faz confusão , é o vidro colocado nos vidrões existentes nas ruas que vai directamente para as fabricas de vidro como matéria prima, mas certamente estas fabricas pagam por esta matéria prima. Será que nós que separamos e colocamos no vidrão recebemos ( de forma indirecta logicamente ) o retorno deste nosso trabalho que acaba por ser pago pelas fabricas de vidro ?

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