sábado, 17 de julho de 2010

Enquanto isso no Seminário...


Nos três dias em que estivemos juntas no 5º Seminário Nacional "O professor e a leitura de jornal", Debora, Milena e eu, estabelecemos uma interação que transcendeu a relação profissional, ao falarmos de nós mesmas e de nossa condição de mulher em diferentes lugares(esposas, filhas, mães, irmãs), alguns dos quais já ocupamos e outros que virão-a-ser (até porque elas têm menos da metade da minha idade).
Atentas ao cronograma do evento, carregamos conosco além da programação, as nossas bolsas, as pastas com os blocos de anotações, textos e até agenda.
Ah, claro, quase me esqueço: havia também o inesquecível guarda-chuva da Debora que não chegamos a vê-lo em uso, mas, previnida que estava com as possíveis alterações climáticas, ela o portou durante os três dias.
Ao tomarmos assento no auditório e nos acomodarmos com nossos pertences, em seguida, Debora acomodava seu longo guarda-chuva à frente das nossas cadeiras, na horizontal, instalado no vão que se formava entre o degrau da nossa sequência de cadeiras e os pés das cadeiras da frente. Ao concluir essa tarefa, Debora desenhava, no espaço entre o polegar e o indicador (sim, nessa pele macia) um pequeno ícone que representava o seu guarda-chuva, para, evidentemente, à saída, não esquecer-se dele ali no chão.
E assim foi que, durante os três dias, entre palestras, comunicações, almoços e oficinas, lá ia a Debora com seu pequeno ícone em uma das mãos e o grande guarda-chuva seguramente garantido à sua volta, acompanhando-a fielmente. Essa cena fez escola. Adotamos, Milena e eu, o modelo e o resultado é que ao final do dia, uma de nós saía com alguma marca na mão esquerda: um livro, o nome de um evento, $, para nos lembrarmos de algum compromisso quando estivéssemos em casa.
Ao terceiro dia do evento, a conferência de encerramento foi proferida pela ilustre psicóloga Rosely Sayão. O tema atual e instigante tratava da educação e as relações escola família, adulto criança, jovem, velho, e alguns dos fenômenos que são frutos da modernidade: a invisibilidade e o esquecimento. Nesse último aspecto, cita fatos recentes de pais que esqueceram (por motivos banais, só pode ser!) seus filhos dentro de seus carros, estacionados em algum pátio de shopping center.

Nossa colega, Milena, grávida e com todos os sentidos aguçados em torno do tema, articulando a fala da palestrante aos recentes cuidados dedicados pela Debora ao precioso guarda-chuva através do modelo de 'agenda manual', profere: "Deveriam fazer o desenho do bebê na mão!"
Adoramos a palestra da Rosely que traz, de forma genuína e bem humorada, um novo olhar a temas tão desgastados e espinhosos. No entanto, inusitada mesmo foi a dica da Milena aos pais desatentos e adverte: ao deixarem seus filhos no carro, desenhem o ícone do bebê nas mãos, quem sabe assim, não esquecerão deles.
Não é brilhante?


Beijo grande, queridas.
5º Seminário Nacional “O Professor e a Leitura de Jornal”
Imagem: Releitura da imagem: Feto agarra mão de médico

Um comentário:

  1. A vida por vezes é feita de pequenos ( grandes ) momentos situações quase banais que nos dão uma imagem colorida das pequenas situações.
    Excelente texto que talvez explique a base das tatuagens, eu não uso a tatuagem nem o método da escrita nas mãos ate porque sempre critiquei minha filha por isso, esquecer um filho é como esquecer uma amiga um amor por determinado momento que estupidamente se sobrepõem ou racionalismo da nossa mente.
    Tenho medo, pavor, pânico de perder todos aqueles que amo e por isso aqui digo que esses estão escritos,desenhados, pintados no meu coração é com eles que acordo e adormeço é com eles que "partilho " tudo de belo são eles que estão escritos a letras de ouro no meu coração e as minhas mãos são para os abraçar.
    Fugi do tema do post .... talvez pelo facto de não usar guarda chuva pois sempre o deixo ficar no primeiro local onde parar .

    ResponderExcluir