sábado, 3 de julho de 2010

Ouso comentar

Por mais democratizado que esteja o futebol atualmente, a relação que o 'Brasil' tem com a bola difere de muitos outros povos. A consequência disso é que as reações diante das derrotas também sejam diferenciadas para nós, torcedores e para alguns ainda 'jogadores'.
Aliás, o termo 'jogador' já está em desuso. Hoje são chamados de 'atletas', até pelo conjunto de exigências a que se submetem para que adquiram qualidade 'técnica' visando aprimorar o que inicialmente poderia ser apenas 'talento bruto'.
Com a democratização e o acesso aos recursos tecnológicos disponíveis para se formar atletas, o investimento na formação desses se sobrepõe ao 'jogador', aquele que carrega consigo o talento.
O talento e a relação corporal com a bola, fruto da vivência e do currículo social, no contexto atual é superado e ofuscado pelos atributos que compõem o almejado atleta.
A corrida 'fácil' por esse atleta fabricado, interesse de países ricos em capital e recursos tecnológicos, gera novos objetivos. A mistura desses segundos com os primeiros, forma times híbridos, e acredito, difíceis de serem administrados. Mostra disso tivemos nessa copa, em que vimos, numa relação conflituosa, alguns talentos serem neutralizados em função das exigências do atleta, e aí, nem um nem outro ficou visível em campo, frustrando as esperanças dos torcedores crédulos.
E nós, brasileiros, será que vamos nos dar conta, em tempo, da armadilha, ao desperdiçarmos os talentos que é o que nos diferenciou durante as décadas passadas, em função da criação desses 'atletas'?

Um comentário:

  1. Estava eu a pensar escrever algo sobre o futebol, e vim espreitar este blogue onde vim encontrar um texto fabuloso ate porque para a autora a bola não é quadrada mas o futebol é algo que esta longe das suas prioridades.
    Minha amiga , o futebol de hoje é uma industria e talvez aquela que mesmo em tempos de crise mundial continua a gerar milhões, pois os jogadores não fazem fintas ou marcam golos a petróleo e por isso gostei muito da tua expressão: "times híbridos "
    Nos tempos de Pele, Eusébio e mesmo Maradona os jogadores nasciam com o talento natural e treinando sem condições e sem mediatismos chegavam ás copas e brilhavam carregando as suas equipas ás costas levando as mesmas aos títulos.
    Esta copa mostrou que estamos na era do marketing onde os jogadores mais mediaticos não aguentaram a pressão de milhões de olhos em cima como foi o caso de Cristiano Ronaldo, Kaka e Messi , pois todos passaram discretos.
    O post é seu e por isso não me vou alongar mais no comentário,mas tirou-me o tema :)

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