sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

"Todos somos escritores, uns escrevem, outros não." (José Saramago)

Todos somos escritores.
Este fragmento me remete às tantas possibilidades de escrita que estão constamente sendo gestadas na fugacidade dos pensamentos: numa diversidade que transita pelas imagens, pelas formas, pelos conteúdos, pelos recursos, dialogicamente entre complexidade e simplicidade, simbolizando as múltiplas maneiras de organizar os olhares lançados sobre a realidade.
Uns escrevem:
Quem são os que escrevem? Usam a escrita como a representação de um código? Usam a escrita para expressar uma idéia? Podem ser de vários universos?
Outros não:
Quem são os que não escrevem? Ainda não foram mobilizados para o sentido de que podem ler o mundo e registrar suas histórias através das letras?
Tantas possibilidades que por não terem sido reveladas, permanecem adormecidas dentro de mentes e de mãos de pessoas que por qualquer motivo não foram mobilizadas para esse prazer;
Quantas histórias que poderiam ter sido escritas e ainda não foram...
Que circunstâncias afastaram esses escritores de poderem vir a ser 'escritores que escrevem'? De que oportunidades foram eles privados, para essa emancipação? A realidade da vida? A dura luta pela sobrevivência? Não frequentaram escolas?
Há os que passam pela escola e lêem, sem saber o sentido: decodificam, soletram, amontoam letras, sílabas, palavras, sem lhe atribuir valor e ainda recebem a incumbência de carregar pra sempre, sob o verniz do 'estudo', o peso de sua própria incompetência.
Há tanta potência nessa frase como flores que ainda não desabrocharam, telas ainda não pintadas, músicas ainda não cantadas, danças ainda não dançadas...
Nossa responsabilidade de educadores e cidadãos está em lançar luz para que eclodam essas sementes adormecidas no interior de cada criança, de cada pessoa e fazer de todas elas, escritores que escrevam, leitores que leiam, cantores que cantem, dançarinos que dancem, pintores que pintem...e mais... muito mais.
Tarefa fácil não é (senão a frase não teria sido escrita), mas é possível.

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