domingo, 25 de janeiro de 2009

Tatuagem da vida.


Ontem vivi uma experiência pela qual nunca tinha passado: Fiquei frente a frente, 'cara a cara' mesmo, com um homem com uma arma na mão. Só a grade do portão de casa nos separava. Eu, de começo não entendi bem o que se passava, enquanto tentava, num gesto habitual, colocar o cadeado no portão, até que me dei conta que aquele rosto pardo tão perto do meu e que falava comigo de modo rápido e ininteligível, era parte de um rapaz que portava uma arma e era um assaltante.
Entrávamos em casa, minha amiga e eu, retornando da caminhada. Vizinhos na rua, cachorros festivos... tudo dentro da normalidade. Abri o portão e, enquanto dava passagem à minha amiga, impedia que um dos nossos cachorros saísse pra rua. Ela já havia atravessado o portão e entrava no abrigo. Inesperadamente, ele surgiu e rompeu com a cena do cotidiano. Incrível é como, nesse momento, eu perdi a noção da sequência da minha história que já havia desenhado: chegar em casa, dar bom dia aos filhos (o filho dela havia dormido em casa) conversar um pouco, tomar um suco...Não. Essa sequência foi interrompida com essa súbita chegada. Esqueci dos vizinhos na rua, dos cachorros que poderiam sair com o portão aberto. Consigo pensar nisso agora. Naquele momento, quando 'dei por mim' e vi que atrás dele vinha mais um, larguei o cadeado, corri pra dentro. Ignorando a presença dos cinco cachorros, ele, e em seguida o seu parceiro, avançaram em direção a nós, minha amiga e eu, esbravejando palavras confusas e ordenando pra que déssemos a chave do carro. Eu tremia, aliás, eu me sacudia. Pavor. Percebi que eles queriam sair dali o mais rápido e eu também. Queriam o carro pra sair, fugir, sei lá. Ela deu a chave. Pediram aliança, relógio, carteira...coisas que só ela tinha, exceto a aliança e eu tinha apenas a chave de casa. Ela tentou dialogar, pediu que deixassem os documentos...nada. Esse tempo foi o bastante para que eu percebesse que esses dois moços, com intenções claras pra eles e, por nós, suposições: vieram nos assaltar. Por fim, deu a bolsa e o relógio. Eles se foram. O primeiro, que me abordou, olhava pra trás enquanto saía eu o segui até perto do portão. Segundo minha amiga, eu disse a ele(que abuso!!) pra que encostasse o portão pra que os cachorros não saíssem... Pode??? Bobagens dessas que a gente diz quando se encontra em 'situações extremas'. Rimos disso...mas bem depois de entrarmos em casa, abraçarmos os filhos, que estavam juntos, os três, dois meus e um dela, que não viram nada, mas ouviram tudo e já bolavam um plano para 'nos salvar'. No decorrer do dia, procuramos manter as atividades programadas, até para não dar chance para o desconforto que esse fato nos causou.
Hoje ao escrever sobre o assunto revejo as cenas que de vez em quando me ocupam o pensamento...algumas imagens mais, outras menos nítidas, sons confusos...o medo, o sentimento incerto entre o que foi, o que poderia ter sido e o que poderia ter sido evitado... Seguramente um fato assim deve figurar na lista das piores coisas que podem acontecer às pessoas.

A rua em que moro é considerada tranquila, mas contabilizamos alguns dados: Todos os meus vizinhos já foram, de alguma forma, vítimas de violência: alguns tiveram suas casas invadidas por bandidos, fizeram as famílias reféns e roubaram aparelhos eletrodomésticos e os carros e outras vezes, apenas os carros.

Em janeiro de 2000 essa mesma amiga teve seu carro roubado em frente a minha casa e em 31 de janeiro de 2007 foi a vez do meu carro ser roubado em frente de casa.

...temos que dizer que, felizmente, os anjos estavam conosco e não ocorreu nada mais grave!!

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